A obra criada para integrar o Porto Maravilha ao restante da região central do Rio de Janeiro começa finalmente a funcionar. O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) inicia a operação com cinco das 18 paradas previstas no primeiro trecho entre a rodoviária Novo Rio e o Aeroporto Santos Dumont. Serão 32 trens cada um com capacidade para transportar 420 pessoas – número equivalente à capacidade de dez ônibus. Em operação plena, o VLT deve transportar 300 mil passageiros por dia. Além do trecho que liga a Rodoviária Novo Rio ao Aeroporto Santos Dumont, haverá um segundo percurso que ligará a Central do Brasil à Praça XV com oito paradas, totalizando 26 paradas nos dois percursos e 28 km de extensão.
“O VLT será fundamental não só para a Olimpíada, mas como legado para a cidade e elemento de integração da zona portuária. Diferente de outras cidades, no Rio de Janeiro o porto não é integrado a uma área de concentração urbana a exemplo do que ocorre em Buenos Aires, com o Porto Madero, Nova York, com o porto na Avenida Wall Street em Manhatan, Barcelona, com Las Ramblas, e também em San Francisco com o Fisherman’s Wharf. O VLT permitirá essa
integração como um dos elementos de revitalização da zona portuária e o Porto Maravilha”, diz Sérgio Besserman Vianna, ex-presidente do Instituto Pereira Passos em transição para a presidência do Jardim Botânico.
Ele observa que, do ponto de vista urbanístico, o VLT vai permitir integrar também os diferentes micro polos culturais do Centro do Rio como a Lapa, a Cinelândia, a Carioca, a Praça XVI, a Praça Mauá e a Gamboa. E será uma alternativa coletiva à caminhada pelas calçadas pouco amigáveis que caracterizam o Centro do Rio, e também aos táxis.
“O VLT vai dar uma unicidade ao centro, integrando esses micro polos. Isso vai surpreender muita gente, especialmente o jovem, que poderá estar numa festa no Arco dos Teles e rapidamente se deslocar para esticar até a Gamboa”, sugere Besserman.
Jorge Arraes, secretário especial de concessões e Parcerias Público-Privadas, conta que o projeto do VLT começou em 2012 com o chamamento de interessados em realizar estudos técnicos. A CCR demonstrou interesse e realizou os estudos de engenharia, de viabilidade econômico financeira e de demanda. Com base nesses estudos, a licitação foi realizada e vencida pelo consórcio que inclui a própria CCR (Barcas), Invepar (Metrô), Odebrecht Transport (trens da Supervia), Rio Part (empresa de participações da Fetransport que administra os ônibus), cada uma com 25%.
“A gestão dá trabalho, mas essa composição facilitou porque o VTL é de integração intermodal, ligando ônibus, trens, barcas e aeroporto. A obra custou R$ 1,2 bilhão, sendo 532 milhões oriundos do PAC Mobilidade, recursos não reembolsáveis repassados pela Caixa Econômica Federal, além de R$ 600 milhões aportados pelo consórcio”, diz Arraes.
Ele explica que a obra civil foi simples, basicamente escavação baixa, concreto e dormentes. Mas foi realizada no centro de uma grande cidade com alto nível de interferência nas redes urbanas tendo esbarrado em instalações de gás, energia, telecomunicações, água e esgoto. Desde a obra no Porto Maravilha, também foram descobertos diversos achados arqueológicos e foi necessário um trabalho estratégico de catalogação e recuperação de sítios arqueológicos.
“Foram feitos registros georeferenciados e plantas 3D para os pesquisadores saberem o que há. Também foi necessário levantar-se a altura da via para se preservar o achado arqueológico”, diz.