Sondagem da CNT mostra redução de receita das empresas de transporte em 2016; muitas esperam melhorias em 2017 e 2018
A crise na economia do Brasil tem impactado fortemente o setor de transporte. Com a instabilidade econômica e política de 2016, as empresas dos diferentes modais, de cargas e de passageiros, registraram redução dos deslocamentos e menor receita, o que forçou o enxugamento do quadro de funcionários em muitas delas.
Para 2017 e 2018, há um otimismo moderado. A maior parte dos transportadores (49,3%) acredita que a retomada do crescimento da economia do país só será percebida em 2018. Mas, para 23,6%, a recuperação ocorrerá em 2017.
É isso que mostra a Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador, realizada no final de outubro e início de novembro pela CNT. Foram entrevistados 795 transportadores de todo o país, que atuam nos diferentes modais (rodoviário, ferroviário de cargas, metroferroviário, urbano de passageiros por ônibus, aquaviário e aéreo).
Além das expectativas sobre a economia, o levantamento mostra também a avaliação dos transportadores sobre a infraestrutura que utilizam para a prestação de seus serviços, entraves que dificultam a operação e possíveis soluções.
Em 2016, mais da metade das empresas (60,1%) teve diminuição de receita bruta, e 58,8% precisaram reduzir o número total de viagens. Para 74,6%, houve aumento do custo operacional. A Sondagem mostrou também que a crise política afetou negativamente a atividade. Essa percepção foi relatada por 90,7% dos entrevistados.
Outro reflexo da crise no setor de transporte foi que cerca de um terço das empresas reduziram o número de veículos em operação em 2016.
Esse cenário acabou refletindo na dispensa de mão de obra.
De janeiro a setembro de 2016, foram demitidos 52.444 trabalhadores no setor.
Mas apesar das dificuldades e dos desafios a serem enfrentados, há uma expectativa de que a situação comece a melhorar nos próximos anos, conforme ressalta o presidente da CNT, Clésio Andrade.
“Percebemos que há um moderado otimismo para 2017 e 2018, reflexo da maior confiança no novo cenário político do país. Acreditamos em um novo momento, com esse governo, que está fazendo o ajuste fiscal necessário e quer realizar fortes investimentos em infraestrutura”, afirma Clésio Andrade.
De acordo com a Sondagem da CNT, para 2017, 47,7% dos empresários esperam obter receita bruta maior, e 48,8% confiam que haverá melhor desempenho da atividade econômica.
O levantamento aponta que 53,5% dos transportadores estão mais confiantes na gestão econômica do governo federal e 60,5% concordam com as medidas fiscais anunciadas ao longo do ano.
Clésio Andrade reitera que é imprescindível que os investimentos voltados para a integração dos modais, sejam, de fato, concretizados. Segundo ele, a participação da iniciativa privada, nacional e estrangeira, é fundamental para o alcance desses objetivos. “Medidas de curto prazo precisam ser tomadas com urgência para que as empresas retomem a demanda e consigam reequilibrar sua estrutura financeira.”
Muitos empresários (41,6%) acreditam que as ações apresentadas pelo governo federal, até então, serão capazes de iniciar um processo de recuperação e adequação da infraestrutura no país. Entretanto, 75,4% desconhecem o PPI (Programa de Parceria de Investimentos), principal frente do governo para destravar os investimentos.
Entre os que sabem o que é o PPI, 39,7% não têm conhecimento do Projeto Crescer. Esse projeto é uma iniciativa dentro do programa que consiste no primeiro bloco de concessões de infraestrutura à iniciativa privada. Mas entre aqueles que conhecem as propostas, 78,2% avaliam que as inovações do programa aumentarão a quantidade e a qualidade dos investimentos privados em infraestrutura de transporte no Brasil.
Os transportadores ouvidos na Sondagem disseram ainda que apoiam a participação de investidores internacionais nas novas concessões da área de transporte. O presidente da CNT, Clésio Andrade, ressalta a importância do trabalho da Confederação para atrair esses investimentos estrangeiros, com a instalação dos Escritórios da CNT na China e na Alemanha.
Metrôs e trens também perderam passageiros
Metade das empresas de transporte metroferroviário ouvidas na Sondagem da CNT teve queda no volume diário de passageiros transportados.
A redução chegou a até 7,0%. De qualquer forma, o levantamento mostra que o segmento sofreu menos com a diminuição da demanda do que o transporte urbano de passageiros por ônibus. Com isso, as empresas mantiveram os seus planos de investimentos e 62,5% aumentaram a quantidade de carros de passageiros ou carros-motores em operação.
Sobre a infraestrutura disponível para o transporte urbano sobre trilhos, 100% consideram ser insuficiente.
A CNT destaca que também é essencial promover melhorias na qualidade da infraestrutura para esse tipo de transporte, sendo que 87,5% dos transportadores que atuam na área a consideraram regular ou ruim.