Consórcio da linha do monotrilho tem até dez dias para apresentar proposta de retomada das obras, caso contrário, Metrô vai abrir a concorrência. Acompanhe visita às obras
O presidente do Metrô, Silvani Alves Pereira, reafirmou neste sábado, 16 de fevereiro de 2019, que a estação Campo Belo da linha 5 Lilás deve ser inaugurada em abril.
De acordo com estimativas da Companhia do Metrô, 95% das obras estão concluídos.
Na manhã deste sábado, a empresa recebeu portais especializados em mobilidade, dentre os quais o Diário do Transporte, para apresentar o andamento dos trabalhos.
“Inicialmente esperamos em torno de 50 mil passageiros por dia nesta estação. Mas podemos chegar a 75 mil, 85 mil daqui a alguns anos” – disse Silvani.
Uma das estimativas para ampliação na demanda é quando estiver em funcionamento a conexão com a linha 17-Ouro do monotrilho, que enfrenta problemas no andamento das obras.
Silvani disse que no próximo mês deve ser lançada uma licitação para o restante das intervenções, caso o consórcio responsável pela implantação da linha não sinalize o retorno aos trabalhos.
“Sobre a linha 17, estamos tomando algumas decisões para que seja retomada de forma segura. Existe um consórcio que está cuidando de todo o processo de construção de via, material rodante [trens], sinalização e que não está conseguindo executar o que foi pactuado. A decisão já é, caso o consórcio não solucionar nos próximos dez dias, abrir um processo de licitação daquilo que falta até o final do mês de março. Tem um edital para a contratação de todos os serviços e agilizar a entrega da linha 17” – disse Silvani
O responsável pela implantação da linha 17 é o consórcio Monotrilho Integração, formado pelas empresas CR Almeida, Andrade Gutierrez, Scomi e MPE.
A empresa Scomi, que deveria fornecer os trens e equipamentos, alega dificuldades financeiras e anunciou que não deve continuar no projeto.
A estação Campo Belo da linha 5 Lilás é a última que falta para ser entregue na ligação entre Capão Redondo e Chácara Klabin.
O trajeto é uma esperança antiga de moradores de parte do extremo sul da cidade.
O primeiro anúncio do projeto da linha foi feito em 20 de junho de 1990 pelo Metrô, e havia três alternativas de trajeto: com saída da estação Paraíso, Saúde ou São Judas. Nenhuma delas se concretizou.
Em março de 1998 começou a construção do atual trajeto.
Inicialmente, as operações seriam pela CPTM – Companhia Paulista de Três Metropolitanos e o trajeto se chamaria Linha G.
Mas em 2001, o Governo do Estado de São Paulo transferiu a futura operação para o Metrô, passando a denominar o trajeto de linha Lilás.
O primeiro trecho, de 8,4 quilômetros de extensão, foi entregue à população somente em 20 de outubro de 2002, com operações das 10h às 15h.
As demais estações foram abertas gradativamente até o ano passado.
O ex-governador, Geraldo Alckmin, chegou a prometer a entrega da estação Campo Belo para o início de 2018.
Entre os problemas enfrentados foram as desapropriações, em especial de um imóvel que abrigava um buffet.
O Metrô promete que, a exemplo das estações mais recentes, a Campo Belo deve oferecer o que há de mais moderno para operação e segurança da rede.
A captação de energia para os trens é por catenária (pela parte de cima), diferentemente das linhas mais antigas do Metrô de São Paulo que necessitam do “terceiro trilho”, junto à via.
Segundo os técnicos do Metrô, na apresentação das obras, o sistema é mais seguro caso alguém tenha acesso aos trilhos e facilita a manutenção da via, não sendo necessário interromper a energia do sistema.
As laterais da estação têm grandes dutos de ventilação tanto para o conforto térmico como para exaustão de fumaça em caso de incêndios.
Os dutos foram projetados já levando em conta a necessidade de dispersar o mais rapidamente possível a fumaça.
A estação ainda não tem o AVCB – Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. A Companhia do Metrô deve chamar a corporação para a vistoria quando faltarem entre 15 e 20 dias para a abertura da estação ao público.
A Campo Belo também vai ter detectores de fumaça ligados a todo o sistema de operação.
Em caso de necessidade de esvaziamento da estação, o sistema desbloqueia automaticamente as catracas para facilitar a fuga.
Segundo o Metrô, no início dos anos 2000, a companhia trouxe para o Brasil padrões internacionais de segurança e procedimentos de esvaziamento que depois foram adotados pelos bombeiros nas vistorias.
Antes, as verificações em estações pelo AVCB eram as mesmas que de garagens de edifícios.
A estação ainda conta com transformadores com “isolamento a seco”, o que segundo o Metrô é mais seguro que os modelos com isolamento a óleo.
Há também geradores a diesel para garantir iluminação e funções básicas da estação para eventual necessidade de fuga.
A linha conta com duas subestações primárias para fornecimento de energia aos trens, estações e equipamentos: Guido Caloi e Bandeirantes. Ambas fornecem energia para determinados trechos da linha, mas se uma delas falhar, há condições da outra suprir toda a linha, mesmo que para operações restritas.
A área não operacional, que compreende, por exemplo, os locais onde ficam os equipamentos, transformadores, salas técnicas, gerador, dutos de exaustão e porão de cabos, ocupam em torno de 30% de todo o espaço na estação.
A estação de metrô Campo Belo também possui dois túneis de acesso para o monotrilho da futura linha 17-Ouro para facilitar a integração entre os modais diferentes, sendo um no primeiro e outro no segundo mezanino.
O local também é servido por diversas linhas de ônibus. As paradas serão colocadas na calçada da Estação nos dois extremos da entrada.
16/02/2019 – Diário do Transporte