A retirada da ajuda ao setor de mobilidade gerou frustração nas empresas de transporte coletivo. Foi o que apontou o presidente-executivo da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano), Otávio Cunha.

Segundo ele, as empresas aguardavam esse repasse para poder equalizar os prejuízos que, em julho, ultrapassarão os R$ 4 bilhões.

“A notícia foi frustrante. A expectativa era grande com a aprovação do texto como estava no relatório. O setor, já há algum tempo, vem solicitando ajuda emergencial ao governo. Até então não tínhamos conseguido nenhum repasse. Vamos esperar agora o projeto de lei para saber se ele irá atender esse prejuízo contabilizado até o dia 30 de junho, que foi de R$ 3,7 bilhões. Entrando julho, passaremos dos R$ 4 bilhões”, disse.

Cunha afirmou também que, caso o cenário não mude, é provável que o setor entre em colapso a partir da segunda semana de setembro. Isso porque, agora em agosto, acaba o período dado pela MP 936. A medida flexibilizou a legislação trabalhista e concedeu auxílio para as empresas no pagamento de salários. E garantiu, para os trabalhadores que foram suspensos, uma estabilidade de quatro meses no emprego.

“A MP 936 acaba em agosto e voltamos a pagar integralmente os salários. Ou seja, já estamos com problemas financeiros e, caso nada mude nada nesse sentido, voltaremos a arcar com novos pagamentos sem a possibilidade de demissões. É uma tragédia anunciada”, comentou.

O presidente da NTU apresentou como terceiro ponto de contribuição para o colapso do setor a alta demanda imposta pelos municípios. Segundo ele, mesmo com a baixa demanda, a grande maioria exige que mais da metade dos serviços das empresas sejam oferecidos.

“Estamos fazendo uma oferta de serviço acima da demanda e, portanto, trabalhando com déficit operacional. Claro que tivemos alguns municípios queajudaram, mas a grande maioria dos municípios não teve condição de ajudar.

Também tivemos que manter esse ritmo de oferta de 60% do serviço com somente 20% de demanda. Estamos trabalhando com muita responsabilidade e do jeito que dá”, falou.

A ANPTrilhos, que representa o setor de transporte urbano sobre trilhos, afirmou em comunicado que “faz apelo ao Legislativo Federal pela garantia do auxílio emergencial que visa a manutenção da prestação do serviço público de transporte nas cidades brasileiras”.

De acordo com o texto, o setor tem “perda de arrecadação, apenas com bilheteria, que ultrapassa os R$ 4 bilhões” e o apoio seria a única saída para garantir a manutenção do serviço.

A nota também afirma que “o setor de transporte sobre trilhos vê, ainda, nas contrapartidas que eventualmente serão impostas pela União para a obtenção do recurso, uma oportunidade única para auxiliar no avanço do atual modelo de gestão do serviço público de transporte”.

23/07/2020 – Agência iNFRA