Gabriel Feriancic*
Depois de um longo ciclo histórico de desativação dos serviços ferroviários de passageiros, as principais cidades brasileiras enfrentam o completo colapso da solução rodoviária para mobilidade urbana e regional, com as principais rodovias congestionadas diariamente no entorno dos principais aglomerados urbanos.
Por outro lado, as faixas de domínio das antigas ferrovias continuam presentes, algumas com transporte de carga, mas do ponto de vista urbanístico constituem barreiras urbanas e não oferecem deslocamento de passageiros ao longo de seus eixos, exceto por algumas malhas suburbanas que não oferecem serviços regionais de média e longa distância.
Progressivamente estão sendo estudadas as implantações de serviços ferroviários de média distância, ligando regiões urbanas, chamados também de trens intercidades. Mas a presença de espaço disponível não basta para que a inauguração desses serviços seja suficiente. Apenas existirá demanda caso os serviços tenham desempenho e conforto compatível com o desejo dos usuários e eles tenham capacidade e disposição de pagar as tarifas.
Por isso é que projetos dessa natureza requerem estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental, que comprovem a atratividade do serviço, suas condições de investimentos e custos que contemplem todas as restrições técnicas e ambientais para sua instalação.
A indústria nacional e estrangeira oferece um grande conjunto de alternativas tecnológicas para cada situação e tipo de serviço e a definição das tecnologias mais adequadas decorre dos estudos mencionados.
Além de orientação sobre os tipos de trens, também são necessários sistemas de energia, controle, sinalização e comunicação, que são resultados do desenvolvimento tecnológico desse tipo de infraestrutura em todo o mundo.
Pela sua importância na conjuntura atual apresentarei o tema no Congresso da SAE Brasil. O objetivo é auxiliar no entendimento das principais variáveis e restrições que condicionam esse tipo de projeto, demonstrando também a grande oportunidade que os serviços ferroviários representam para a solução da mobilidade em diversas regiões do Brasil.
Gabriel Feriancic, diretor da Sistran Engenharia, mestre em Engenharia de Sistemas Logísticos (Poli-USP) e doutor em Engenharia de Transportes (Poli-USP), é um dos palestrantes do Painel Ferroviário do Congresso SAE BRASIL 2016