Antes considerada uma linha fantasma, a linha 5-Lilás já é a segunda mais cheia das operadas pelo Metrô de São Paulo. No primeiro semestre de 2015, os vagões levaram, em média, 6,1 passageiros em pé por metro quadrado nos horários de pico, segundo levantamento obtido pelo UOL por meio da Lei de Acesso à Informação. Em 2012, esse número era de 4,5 passageiros/m², de acordo com o Metrô.
“Só por andar todos os dias nela, já dá para ter ideia (da lotação). O trem está sempre lotado. Às vezes deixo passar alguns para conseguir entrar, espero uns 20 minutos”, disse a assistente administrativa Eliete Alves quando soube dos números da linha Lilás. Ela usa o metrô para ir de casa, no Campo Limpo, ao trabalho, em Santo Amaro.
Entre janeiro e junho de 2015, apenas a linha 3-Vermelha, com 7,4 passageiros/m², esteve mais cheia que a Lilás nos horários de maior movimento. A linha 1-Azul teve lotação de 4,8 passageiros/m² no pico, seguida pela 2-Verde, com 4,7 passageiros/m². Segundo Jaime Waisman, doutor em Engenharia de Transportes pela USP, o padrão internacional para lotação máxima em vagões de metrô é de 6 passageiros/m².
“A norma técnica brasileira para fabricação de veículos de características urbanas para transporte de passageiros especifica 6 passageiros/m²”, disse Waisman.
Metrô: linha 4-Amarela estimulou avanço da demanda
Na avaliação do Metrô, a principal razão para os vagões cheios na linha 5 é a entrada na rede da linha 4-Amarela, cujo trecho da Luz até o Butantã foi aberto em 2011. Ela faz integração em Pinheiros com a linha 9-Esmeralda da CPTM – que por sua vez é ligada à linha 5 em Santo Amaro. Com isso, quem vem da zona sul paulistana pode ir e voltar do centro e da região da Avenida Paulista usando metrô e trem.
“O fator preponderante para o crescimento da demanda da linha 5 é o fechamento da rede com a linha 4. As pessoas que moram no extremo sul da cidade passam a utilizar o sistema sobre trilhos de uma maneira mais intensa. Em 2011, tínhamos em torno de 250 mil passageiros por dia útil (na linha 5). Hoje, temos em torno de 270 mil. Obviamente, quando aumenta a demanda, aumenta a lotação”, disse o diretor de operações do Metrô, Mário Fioratti.
Sônia Consalvo, que trabalha em Santo Amaro numa empresa do setor de TI, usa a linha Lilás desde sua inauguração e disse ter percebido a mudança na lotação ao longo do tempo.
“A linha só era vazia enquanto ia do Capão Redondo até Santo Amaro. Depois, começou a encher muito”, relatou. “E a tendência é que acabe lotando mais a cada vez que abra uma estação, porque terá interligação com outras linhas.”
Para Sônia, recentes mudanças em itinerários de ônibus na zona sul paulistana também tiveram impacto no uso da linha Lilás.
“Tiraram muitas linhas de ônibus, migraram para os terminais. Por exemplo, a minha linha vinha do Capão Redondo até Santo Amaro direto. Agora ela vai para o terminal do Capão Redondo, e lá você é obrigado a pegar o metrô”, disse.
Atrasos em melhorias
O Metrô investiu R$ 615 milhões para comprar 26 novos trens para a linha 5-Lilás com o sistema CBTC (sigla em inglês para Controle de Trens Baseado em Comunicações), que permite reduzir o intervalo entre as composições e, como consequência, a lotação nos vagões. O CBTC na linha 5 está em fase de testes, que devem ser concluídos no primeiro semestre deste ano. Segundo o Metrô, os novos trens entrarão em operação à medida que a linha se expandir.
A conclusão da linha 5-Lilás estava prevista pelo governo para 2014. No entanto, a última estação inaugurada foi Adolfo Pinheiro, em fevereiro daquele ano. O investimento total para a conclusão da linha deve chegar a R$ 9 bilhões, após um aumento de R$ 1 bilhão no ano passado – o Metrô culpa o subsolo.
Em março de 2015, o governador Geraldo Alckmin prometeu a conclusão da linha 5 para 2018. Em julho, Alckmin anunciou que a operação da linha será concedida à iniciativa privada. Quando concluída, a linha Lilás fará integração com as linhas 1-Azul em Santa Cruz e 2-Verde em Chácara Klabin.