Com o preço de estacionamento nas alturas, usar o transporte público para ir almoçar ou jantar pode ser uma boa uma forma de economizar na refeição — em geral, o que é gasto com o serviço equivale a uma boa sobremesa. Pensando nisso, VEJA SÃO PAULO reuniu 22 restaurantes bacanas, todos avaliados com três estrelas (bom) ou mais e que se localizam até 500 metros do metrô. Só não se esqueça de checar o horário de funcionamento do transporte público para não perder a viagem.
BRESSER-MOOCA
Presidente: nos fins de semana, quem vai de carro pode ter dificuldade para chegar a este restaurante antigão. Explica-se. A vizinhança do portentoso Templo de Salomão fica repleta de ônibus de fiéis — que sem pudor travam as ruas para manobrar e estacionar os veículos. Vá de metrô para facilitar e não se esqueça de conferir se tem dinheiro vivo ou uma folha de cheque na carteira, pois o Presidente não aceita cartões. Uma vez lá, relaxe e deguste as boas receitas de bacalhau da casa.
BRIGADEIRO
Aizomê: cada vez mais dedicado ao Sakagura A1, no Itaim Bibi, o chef Shinya Koike vem passando o bastão para sua sucessora e sócia, Telma Shiraishi. É a cozinheira quem se encarrega de dirigir a equipe e preparar as receitas quentes. Alguns de seus pratos são encantadores, como o peixe branco numa reinterpretação do clássico molho à belle meunière de maracujá (R$ 45,00).
Baby Beef Rubaiyat: são raras as churrascarias que podem dizer, como a rede deste endereço, que produzem uma parcela significativa das carnes assadas em suas grelhas. Um total de 38% dos bifes servidos nos dois restaurantes paulistanos e nas outras unidades brasileiras vem de uma fazenda em Dourados (MS). Trata-se de uma propriedade de 9 400 hectares da família Iglesias, fundadora do negócio e hoje proprietária de 30% da rede — os 70% estão sob controle do fundo espanhol Mercapital.
Dinho’s: tanto o serviço gentil quanto o agradável salão com jardim de inverno, perto da Avenida Paulista, ajudam a manter vivo o interesse do público pela casa de carnes de Fuad Zegaib. Mas é a qualidade do que sai da grelha que define seu sucesso, como o bife portenho (R$ 105,00), extraído do contraflé, ou a ótima fraldinha (R$ 103,00).
Kan Suke: minúsucla, a casa já foi considerada duas vezes a melhor de sua categoria por VEJA COMER & BEBER. Fera em sua arte, o chef Keisuke Egashira fatia peixes como poucos. A melhor maneira de conhecer seu trabalho é saborear a degustação a R$ 240,00 (ou R$ 260,00 com pratos quentes), que inclui sashimi de toro sobre cerâmica aquecida e o sushi de carapau marinado e queimado no maçarico com salsinha e gengibre ralado. Reservar é indispensável.
Shin – Zushi: não sai barato comer no balcão comandado por Marco Keniti Mizumoto, o Ken. Mas a recompensa aparece assim que se inicia a degustação, cujos pratos mudam diariamente (R$ 280,00), oferecida apenas no jantar até as 21h. Primeiro, o sushiman envia sashimis que variam com a oferta do dia, seguidos pelos sushis, caso do de sardinha com cebola e de camarão com shissô. A sopa é servida conforme a estação do ano. Encerra o banquete salgado um peixe do dia cozido, como a garoupa com cogumelos.
CONSOLAÇÃO
Amadeus: na casa de Ana e Tadeu Masano, a alma da cozinha é a filha deles, Bella Masano. Além de manter as antigas receitas do cardápio, que têm muitos fãs pela cidade, a chef também propõe sugestões de sua autoria. É o caso do saboroso duo de polvo (R$ 48,00), na forma de um carpaccio e também grelhado num jogo de texturas.
Capim Santo: a chef Morena Leite tem a capacidade, como poucos, de se dividir entre muitas tarefas. Além do restaurante, que funciona no almoço como um bufê e à noite à la carte, ela administra um bufê de festas corporativas e casamentos, cuida do Santinho (hoje com três unidades em centros culturais da cidade) e lança livros. O antídoto materializa-se como colherinhas de brigadeiro de capim-santo que acompanham o expresso.
Jiquitaia: desde que montou esta casa, três anos atrás, o chef paranaense Marcelo Corrêa Bastos vem mantendo o padrão da cozinha a preços para lá de razoáveis. É sempre surpreendente sua deliciosa moqueca de peixe do dia com camarão na companhia de arroz e farofinha de dendê (R$ 46,00).
Gopala Hari: o público jovem e desencanado sobe alguns degraus salpicados de pétalas de rosas antes de entrar no restaurante. As sugestões de toque indiano estão a cargo da chef Nrihari Devi, que não tem medo de usar derivados de leite nas receitas lactovegetarianas. A refeição completa, que inclui suco, salada e sobremesa, custa R$ 33,50 nos dias de semana e R$ 39,00 aos sábados.
Gopala Maghava: tem esquema bem parecido com o da casa irmã, o Gopala Hari (ambas formavam um só endereço até a cisão, em 2008), e oferece duas opções de prato diárias, a conta é paga diretamente no caixa e a cozinha segue a linha lactovegetariana. A grande diferença: não aceita cartões de crédito como forma de pagamento, e os de débito podem ser utilizados apenas aos sábados. Por isso, muna-se de dinheiro, cheque ou vale-refeição antes de ir ao estabelecimento.
FRADIQUE COUTINHO
Almodovar: a coluna da direita do cardápio — sim, aquela dos preços — é uma delícia de ser consultada por aqui. Abaixo dos 20 reais, coisa rara na cidade, há boas opções de entrada, como a lula na chapa (R$ 34,00), para duas pessoas. A porção do molusco ganha harmonia com a maionese de alho, quase sem sal. O mesmo molho se repete no saboroso e vegetariano fideuá, composto de macarrão cabelo de anjo quebradinho com tomate, abobrinha, cebola, berinjela defumada e cogumelos (R$ 47,00).
Brado: laje lembra churrasco? Errado. Aqui, esse espaço pouco aproveitado nos centros urbanos foi transformado em horta. No telhado do restaurante, o chef Pedro Vita plantou em caixas desde o trivial alecrim até ervas da Amazônia. Ainda que o cardápio proponha alguns toques de sofisticação, o público jovem, muitas vezes acompanhado dos cachorros de estimação, não costuma evitar o hambúrguer da casa (R$ 38,00), feito de fraldinha com bacon crocante, queijo brie mais cebola passada na cerveja preta.
Consulado da Bahia: se forçar um pouco, dá até para se sentir em um boteco praiano nesta casa da Rua dos Pinheiros. Com peças de artesanato baiano decorando o salão e mesas na calçada, o ambiente desencanado convida o público a bebericar uma cerveja em garrafa enquanto aguarda por um lugar nos concorridos fins de semana. Para petiscar, vai bem o saboroso acarajé individual (R$ 15,00), com vatapá, vinagrete e camarõezinhos à parte.
Le Jazz Brasserie: não sem um quê de improviso, o primeiro Le Jazz Brasserie foi aberto por sete amigos em um espaço apertado, no térreo de um prédio residencial em Pinheiros. O local, onde havia funcionado uma oficina mecânica, nem espaço para estoque tinha. Mas deu tão certo que se multiplicou por mais dois endereços vistosos, um nos Jardins e outro no Shopping Iguatemi . A política é igual em todas a unidades: receitas tradicionais a preços que cabem no bolso.
Miya: cozinheiro experiente, o chef Flávio Miyamura faz uma ponte entre a cozinha contemporânea e o Oriente, em especial com o uso de ingredientes japoneses, chineses e coreanos. Chamada de tostada, a tortilha crocante de milho vem com fatias de atum marinadas no molho de shoyu, limão, laranja e óleo de gergelim, tudo arrematado por maionese de wassabi (R$ 42,00). Esse namoro com a Ásia inclui ainda o bolo de matchá com calda de coco (R$ 19,00), que poderia ter sabor mais marcante.
LIBERDADE
Lamen Kazu: ficar na fila é praxe por aqui, mesmo para quem chega sozinho durante a semana e topa se sentar no balcão. Para agilizar o atendimento, o próprio hostess entrega o cardápio e anota o pedido antes mesmo de você se sentar. Uma vez acomodado, vai bem a porção de guioza de carne de porco batida na massa bem fina (R$ 23,00). Entre uma mordida e outra, observar a confusão organizada da minúscula cozinha é uma diversão.
Portal da Coreia: o salão bem simples, com música k-pop (o pop coreano) baixinha nas caixas de som, chama atenção pelos grandes exaustores acoplados às mesas. Os equipamentos são fundamentais para evitar a “defumação” da clientela na hora do preparo do churrasco à moda coreana, em chapas sobre os próprios móveis. No cardápio ilustrado e bem explicado, o prato aparece em diferentes versões. A mais pedida atende por bul go gui (R$ 39,00), de contrafilé temperado por um molho adocicado, trazido cru.
REPÚBLICA
La Casserole: trata-se de um fenômemo paulistano, mas à francesa, é bom que se diga. O Casserole chega à terceira geração com características muito especiais. Inaugurado há 61 anos, ocupa o mesmo endereço e pertence à mesma família. A restauratrice Marie-France Henry divide a administração da casa com o filho mais novo, Leo, de 25 anos.
Terraço Itália: estamos falando aqui de um programa turístico — não só de um restaurante. Depois de tomar dois elevadores e subir mais um lance de escadas, chega-se ao salão principal, no topo do Edifício Itália. Tudo ali parece parado num tempo meio longínquo da cidade. As músicas ao vivo lembram as de festas de formatura e os casais intercalam as danças de rostinho colado com fotos no belíssimo skyline paulistano.
SANTA CRUZ
Samosa & Company Indian Food: de massa espessa e crocante, a samosa, um pastel de formato triangular e recheio de batata e ervilha ao curry (R$ 17,00, quatro unidades), chega pelando à mesa. Basta dar uma mordida no saboroso aperitivo para compreender por que o público não liga de se aglomerar na calçada nos fins de semana, à espera de um assento no sobrado apertadinho.
SÃO BENTO
Monte Líbano: como mudar da água para o vinho um passeio pela enlouquecedora região da 25 de Março? Pare para o almoço neste restaurante comandado por Alice Maatouk e sua filha Regina. No 1º andar de um prédio próximo à loja da Camicado, o salão com varanda não chega a ser silencioso — longe disso. Mas as esfihas assadas na hora são um bálsamo.