Parcerias avançam e aceleram projetos de mobilidade

O modelo de parceria público-privada (PPP) está ajudando a acelerar os projetos de mobilidade urbana. O Metrô Bahia e o VLT Carioca são exemplos de PPPs que estão imprimindo velocidade às obras. Essa é a avaliação de Roberta Marchesi, superintendente da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos). Ela conta que a Linha 4-Amarela do metrô de São Paulo, primeiro contrato de PPP implantado no País, inaugurou o que considera uma “tendência” no setor de transporte nacional. “Hoje, no Brasil, temos 13 projetos na área de transporte urbano sobre trilhos. Desses, sete estão vindo na modelagem de PPP e concessão”, informa. “[Esses projetos] mostraram aos governantes brasileiros que é possível, sim, fazer modelagem de concessão para transporte público urbano e investimento pesado em transporte de massa”.

Marchesi reforça o peso dos recursos aplicados em infraestrutura de mobilidade urbana, ao citar algumas das variáveis que interferem na definição de custo da quilometragem de trilho, como tipo de terreno; existência de ponte, cruzamento, túnel; se é subterrâneo. “Quando você traz o parceiro privado para que ele faça um investimento, desonera o orçamento governamental”, afirma.

CCR METRÔ BAHIA

A obra do Metrô soteropolitano ficou inacabada por mais de dez anos, até que, em outubro de 2013, foi assinada a PPP que fez o projeto sair da paralisia para uma velocidade que impressiona. Uma transformação tomou conta de Salvador: as quatro estações e a linha que estavam abandonadas foram recuperadas e outras quatro foram construídas do zero.

Desde junho de 2014, a Linha 1 está em funcionamento no regime de operação assistida, sem a cobrança de tarifa. A última estação desse trecho, chamada Pirajá, será inaugurada em dezembro deste ano.

A Linha 2 tem ritmo similar. A PPP já viabilizou recursos para o início da construção de oito das 13 estações previstas para esse ramal. Novos canteiros de obras serão abertos nos próximos meses.

Em 2017, prazo previsto para a conclusão, o Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas será o terceiro maior metrô do País em extensão, com 41 quilômetros e 23 estações, e integrado a dez terminais de ônibus. Os investimentos nas Linhas 1 e 2 totalizam R$ 3,6 bilhões, sendo R$ 2,2 bilhões oriundos da União e do Estado da Bahia e R$ 1,4 bilhão da CCR Metrô Bahia.

Até agora, mais de 11 milhões de pessoas já circularam pelo trecho em operação da Linha 1, que conta com seis trens ativos. Outros 34 serão entregues à medida que novos trechos fiquem prontos.

VLT CARIOCA

Obra importante no contexto dos Jogos Olímpicos de 2016, o VLT Carioca, sistema de veículos leves sobre trilhos, contará com 28 quilômetros de linhas para interligar a região portuária ao centro do Rio de Janeiro. O projeto também segue o modelo de PPP, entre a Prefeitura do Rio e os sócios do projeto do VLT Carioca, e as obras estão no ritmo exato para a entrega do sistema antes do início dos Jogos Olímpicos. O início da operação da primeira fase, com 17 pontos de parada, deve ocorrer em abril de 2016.

Linha 4-Amarela já transportou três vezes a população brasileira

A cada dia útil, a ViaQuatro, concessionária criada para operar e manter o primeiro projeto sob regime de parceria público-privada do país, é usada por 700 mil passageiros. Em quatro anos de operação comercial, transportou cerca de 761,4 milhões – mais de três vezes e meia a população brasileira. Foram 890 mil viagens num percurso total de 8,7 milhões de quilômetros.

A Linha 4-Amarela adota a chamada tecnologia “driverless” (sem condutor), o que permite a operação remota de toda a frota. O sistema, pioneiro na América Latina, é usado em modernas linhas de metrô do mundo, como as de Tóquio, Barcelona e Paris.

Não é um diferencial trivial. Velocidade de intervalo dos trens, número de viagens, tempo de abertura das portas, acionamento de trens extras, distância segura entre trens – tudo é programado por computadores, sob a supervisão do Centro de Controle Operacional (CCO) de Vila Sônia.

A ViaQuatro introduziu também as divisórias de vidro, que separam a plataforma dos trilhos em todas as estações, com portas que abrem e fecham no ponto exato de embarque e desembarque.

A Linha 4 nasceu com uma missão estratégica de integrar linhas na cidade de São Paulo. Quatro das sete estações em operação estão ligadas a outras linhas do Metrô e da CPTM, além de terminais de ônibus. “Muitas cidades do mundo utilizam a interconexão para melhorar a mobilidade urbana. A ViaQuatro administra uma linha com essa função”, afirma Harald Zwetkoff, presidente da ViaQuatro.

A empresa já investiu US$ 450 milhões em sistemas, equipamentos e trens. Em 30 anos, o investimento chegará a US$ 2 bilhões. Quando concluída, a Linha 4-Amarela terá 12,8 quilômetros e 11 estações.

30/11/2015 – O Estado de S.Paulo