50 anos do Metrô de São Paulo

Em 14 de setembro de 1974, o Brasil ganhava a primeira linha de metrô. Neste dia, entrou em operação o primeiro trecho da Linha 1-Azul do Metrô de São Paulo.

50 anos depois, o Metrô de São Paulo e uma referência mundial. Ele é benchmarking para todas demais operações de transporte de passageiros sobre trilhos do Brasil. Com uma equipe altamente especializada, o Metrô auxiliou no treinamento de equipes e auxiliou a implantação de vários sistemas, no Brasil e na América Latina, como o Trem Metropolitano de Porto Alegre, os metrôs do Rio de Janeiro, de Recife, de Belo Horizonte e de Brasília, o metrô de Caracas, na Venezuela, dentre tantos outros.

Para celebrar a data a ANPTrilhos divulga o artigo “Metrô de São Paulo, referência nacional”, que conta um pouco dessa grande história que mudou a vida dos paulistanos e da mobilidade urbana na cidade de São Paulo.

Parabéns para toda a equipe do Metrô de São Paulo!

Artigo | Metrô de São Paulo, referência nacional

Por Joubert Flores

A Companhia do Metropolitano de São Paulo, o Metrô, considerado um dos principais sistemas de metrô do mundo, está celebrando 50 anos de operação, uma jornada de pioneirismo e referência para os sistemas nacionais e internacionais.

O novo modo de transporte deveria atender o crescimento do município de São Paulo, que já despontava, há 50 anos, como o motor de desenvolvimento do país e a maior cidade da América do Sul.

Na década de 1960, o município de São Paulo tem um aumento da população da ordem de 38%, passando de 13 para 18 milhões. Somente um transporte inovador, de grande capacidade e estruturador seria capaz de resolver o grave problema do transporte coletivo.

O primeiro sistema de metrô do Brasil iniciou sua operação em 14 de setembro de 1974, ligando Jabaquara a Vila Mariana da Linha 1 – Azul. Em 1975, entra em operação comercial toda a linha, com 16,7 km, ligando Jabaquara a Santana. Em 1979, inaugurado o primeiro trecho da Linha 3 – Vermelha, entre as Estações Sé e Brás, com 1,8 km.

Em 2010, foi concedida a Linha 4 – Amarela, de 12,8 km, 11 estações, ligando Butantã a República, para a iniciativa privada. Em 2018, foi concedida a Linha 5 – Lilás, de 20,0 km, 17 estações, ligando Capão Redondo a Chácara Klabin, para a iniciativa privada.

Dos 104,2 km de rede metroviária em São Paulo, o Metrô possui 4 linhas (linhas 1 – Azul, 2 – Verde e 3 – Vermelha e a 15 – Prata no modo monotrilho), 71,4 km, 63 estações e transporta milhões de pessoas todos os dias, conectando a cidade de Norte a Sul, de Leste a Oeste.

Tendo o trabalho e o estudo como principais motivos das viagens de seus passageiros, ele é impulsionador da economia paulistana e do turismo, com conexões com importantes marcos da cidade. Exerce um papel integrador de transporte, economia e cultura. A satisfação de quem usa o metrô tem sido evidenciada na escolha consecutiva, nos últimos anos, do sistema como o modo de transporte referência da população pela sua eficiência, rapidez e segurança.

Sua contribuição para os paulistanos vai além do transporte em si, com suas estações agregando serviços para a população como o comércio de produtos e alimentos; pontos de informação relacionados a saúde e bem-estar, por meio de parcerias; entre outras atividades. Durante a pandemia se tornou um importante espaço de vacinação com a implantação de postos de atendimento. Nos dias mais frios do inverno, algumas estações se transformam em abrigos provisórios para população em situação de rua, com aquecimento e atendimento social. Esses são alguns dos inúmeros exemplos do seu papel social para os cidadãos paulistanos.

O Metrô é benchmarking para todas demais operações de transporte de passageiros sobre trilhos do Brasil. Com uma equipe altamente especializada, o Metrô auxiliou no treinamento de equipes e auxiliou a implantação de vários sistemas, no Brasil e na América Latina, como o Trem Metropolitano de Porto Alegre, os metrôs do Rio de Janeiro, de Recife, de Belo Horizonte e de Brasília, o metrô de Caracas, na Venezuela, dentre tantos outros.

A construção de sistemas de transporte de passageiros sobre trilhos envolve equipamentos modernos, mão de obra especializada e complexas interfaces com a infraestrutura urbana das cidades, como zoneamento, redes de água, esgoto, energia e telecomunicações. Um tipo de obra que requer planejamento, investimentos e gestão de execução. Implica também, em vários casos, na desapropriação de terrenos e contínuo contato com as comunidades envolvidas para minimizar impactos negativos durante a construção. Ao longo da estruturação de sua rede, o Metrô buscou e trouxe para São Paulo todos esses mecanismos, unindo as mais modernos modelos e tecnologias para os seus projetos.

Ele também é referência em segurança operacional, utilizando modernos dispositivos de sinalização ferroviária, sistemas de comunicação, de tração e de comunicação com os passageiros. Desde o início de sua operação já utilizava sistema de proteção automática, o famoso Automatic Train Protection (ATP), depois migrando para o Communications-Based Train Control (CBTC), que utiliza rádio de frequência livre para as comunicações entre trens e o Centro de Controle Operacional (CCO). A instalação de portas de plataforma nas estações, que restringem o contato entre os passageiros e a via, também faz parte deste arcabouço de segurança para o atendimento.

Em 2010, o Metrô entrou para a seleta lista dos sistemas de metrô mais automatizados e seguros do mundo, com a implantação dos trens da Linha 4 – Amarela, que funciona sem condutor. Na época da sua inauguração, havia pouquíssimos sistemas como esse no mundo e nenhum nas Américas.

A comunicação com os passageiros foi avançando e, atualmente, com as tecnologias digitais, as informações chegam aos usuários de maneira instantânea, dentro dos carros de transporte e nas estações, com monitores compartilhando informações em tempo real.

O CCO, o coração do sistema, utiliza tecnologia de ponta e auxilia a tomar as melhores decisões possíveis, várias delas, inclusive, automaticamente. É equipado com programas de comunicação e monitoramento de tráfego, em tempo real, permitindo aos controladores responderem rapidamente em qualquer emergência.

O Metrô expandiu fronteiras e se juntou ao CoMET, um grupo formado apenas pelos maiores sistemas de metrôs do mundo, onde são discutidas inovações e tecnologias com operadores de Nova York, Paris, Moscou, Pequim e de diversas outras cidades. Espaço este que os especialistas brasileiros compartilham conhecimento e melhores práticas, desenvolvidas aqui e mundo afora.

A Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) orgulha-se de ter esse importante sistema como um de seus associados e parabeniza toda a equipe e a gestão do Metrô pela excelência operacional e pela contribuição para o desenvolvimento do transporte de passageiros sobre trilhos no Brasil.

* Joubert Flores é Presidente do Conselho da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Engenheiro Eletricista, Eletrotécnico e Pós-Graduado em Gerência de Energia.

Artigo publicado na Revista Brasil Engenharia, edição 09/2024, ano 5, especial sobre os 50 anso do Metrô de São Paulo.