Em 2023, o grupo CCR deverá se voltar para dentro e priorizar a entrega dos projetos conquistados nos últimos dois anos. A concessionária segue atenta a novos leilões, porém, de forma seletiva, afirma Flavia Godoy, superintendente de Relações com Investidores da companhia.
“Tudo o que é extremamente estratégico a CCR conquistou em 2021. Conseguimos quase dobrar o ‘duration’ [prazo remanescente] do portfólio com novos projetos e acordos de extensão de prazo de concessões. É um momento em que a companhia está olhando para dentro, priorizando a entrega de projetos, porque tem esse compromisso importante para ser executado”, diz a executiva. “Não quero dizer que a empresa não está olhando para fora, mas haverá bastante seletividade e disciplina de capital.”
No radar da empresa, há hoje dois projetos já lançados: a PPP do Rodoanel Norte, cujo leilão o governo paulista marcou para 14 de março, e a relicitação do aeroporto de São Gonçalo (RN), cujos documentos foram recentemente publicados pelo governo federal. “A CCR acaba analisando esses projetos. Agora, a alocação de capital depende muito das análises, dos estudos internos, das prioridades. Também depende muito do avanço da agenda de novas oportunidades.”
Em relação ao Rodoanel, que é o leilão mais próximo, Godoy destaca que, pela atuação da CCR no Rodoanel Oeste, a empresa tem um conhecimento bom sobre o comportamento do tráfego, mas afirma que há diversos outros fatores na análise e que a companhia está sendo criteriosa.
No quarto trimestre de 2022, a CCR registrou um prejuízo líquido de R$ 217,1 milhões, o que representa uma piora de 63% em relação ao resultado negativo de R$ 133,2 milhões no mesmo período do ano anterior.
O resultado foi impactado principalmente por dois efeitos não recorrentes. O primeiro deles, explica Godoy, é a provisão feita por conta de um acordo de equacionamento de pendências regulatórias da Rodonorte, no valor de R$ 340 milhões. O segundo fator são os novos investimentos incluídos no contrato da ViaOeste, por conta do acordo firmado no ano passado com o governo paulista. Como o contrato se encerra em fevereiro de 2024, as novas obras a serem feitas passaram a ser reconhecidas como custo, e não mais como investimento, o que gerou um impacto no lucro, diz ela.
Se desconsiderados estes efeitos e adotada a mesma base de comparação, o resultado do trimestre teria sido um lucro de R$ 219,1 milhões, 36,3% maior do que no mesmo período de 2021.
No trimestre, a receita líquida da CCR foi de R$ 3,28 bilhões, um aumento de 15,7% em relação a 2021. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado caiu 27,9%, para R$ 1,06 bilhão.
16/02/2023 – Valor Econômico