* Roberta Marchesi

O Brasil é um País de longa extensão territorial e com grande potencial para linhas ferroviárias de passageiros, conectando capitais, regiões metropolitanas e grandes polos econômicos. Essas conexões existiram, principalmente no interior de São Paulo, mas foram desativadas e, hoje, contamos somente com os percursos de longa distância da Estrada de Ferro Carajás e da Vitória a Minas. A grande expectativa é de que essa realidade possa ser alterada para que o Brasil possa contar, no futuro próximo, com uma extensa rede de transporte de passageiros sobre trilhos.

O interior paulista já contou com uma vasta rede ferroviária de passageiros e agora o Estado pretende retomar sua infraestrutura com o avanço do projeto do Trem Intercidades (TIC), conectando sua capital à Campinas e, posteriormente, à Americana. O projeto em elaboração, que prevê uma malha de 140 quilômetros, com um sistema moderno de transporte de média velocidade (200-250km/h), contribuirá com o desenvolvimento social e econômico das cidades ao longo do seu percurso, pois além dos investimentos advindo das obras, deverá impulsionar o mercado imobiliário e comercial na região.

Trabalhar nos grandes centros urbanos e morar em cidades menores é uma realidade em muitos países que implantaram redes ferroviárias de transporte. A medida proporciona mais qualidade de vida para a população, contribuindo com a redução dos tempos de deslocamento, dos congestionamentos, dos acidentes de trânsito e das emissões de poluentes pelos veículos urbanos.

A implantação do trem regional de São Paulo deve servir como uma “vitrine” para outras cidades e regiões, influenciando e impulsionando o desenvolvimento de novas ligações ferroviárias de passageiros e também contribuindo para a criação e modernização de políticas e regulamentações voltadas ao setor. No ano passado, o Ministério da Infraestrutura iniciou as tratativas para a criação de uma Política Nacional do Transporte Ferroviário de Passageiros, que visa regulamentar o desenvolvimento das conexões de longa distância em todo o País.

Estamos confiantes no andamento dessas iniciativas e que, a partir delas, outras sejam desenvolvidas para transformar a mobilidade brasileira, dotando o País de uma rede integrada de transporte, garantindo ao cidadão mais uma escolha de qualidade para os seus deslocamentos rápidos nas cidades e entre elas.

* Roberta Marchesi é Diretora Executiva da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Mestre em Economia e Pós-Graduada nas áreas de Planejamento, Orçamento, Gestão e Logística.

Artigo publicado na Revista Ferrovia, Edição 180 | Ano 2021

 

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