A tecnologia que permite comprar passagem de metrô aproximando o celular do equipamento de cobrança, o chamado pagamento por aproximação, começa a ganhar espaço no país. A Visa está em conversas com oito cidades para expandir esse tipo de serviço, oferecido pela bandeira para o MetrôRio. Recentemente, o metrô carioca passou a aceitar também os cartões da Mastercard.

Conhecida pela sigla em inglês NFC, a tecnologia permite fazer operações de débito ou crédito por meio dos cartões ou via celular e não exige senhas para transações de até R$ 50. O Brasil tem mais de 40 emissores de cartões que utilizam a tecnologia por aproximação e todos os plásticos novos já se valem dessa ferramenta. Além disso, 85% das maquininhas já aceitam essa modalidade de pagamento. No metrô, basta aproximar do validador da catraca o cartão de crédito ou débito ou o dispositivo móvel.

Temos conversas com várias outras cidades, disse ao Valor o presidente da Visa, Fernando Teles, sem mencionar as localidades. Considerando apenas os modais de transporte disponíveis na capital fluminense, ele cita opções como as barcas (responsáveis pela conexão Rio-Niterói), o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e o trem metropolitano, além do metrô e do ônibus. Essa mesma tecnologia se aplica a pedágios, para abrir a cancela com o seu cartão. É uma possibilidade, afirmou. Em São Paulo, o projeto começou em setembro passado com 12 linhas e em breve será ampliado para 100% da frota de ônibus paulistana, afirmou o executivo.

A ação pioneira com o Metrô Rio é um esforço da Visa para popularizar o pagamento por aproximação no país. O Brasil foi um dos primeiros países a adotar os cartões com chip e senha mas o mesmo não ocorreu com o pagamento por aproximação. O percentual das operações é de 3%, em comparação com 52% no Chile. Apesar disso, o uso cresceu mais de sete vezes em menos de um ano, segundo o presidente da Visa. Quando atingir o nível de 10%, a curva de aceitação será outra e a adesão tende a ocorrer de forma mais rápida, disse.

O objetivo da Visa é que as pessoas parem de utilizar o dinheiro vivo. O pagamento eletrônico se reverte em benefícios para o usuário. O dinheiro demanda segurança maior, disse Teles. Ao implementar o pagamento via NFC no metrô, a Visa também cadastrou os estabelecimentos do entorno, como cafés, lanchonetes e estacionamentos, para que passassem a aceitá-lo.

A experiência do metrô carioca começou com a Visa, na opção de crédito. No fim de fevereiro, passou a aceitar também cartões de débito, além da bandeira Mastercard. Ao todo, já foram 780 mil utilizações, que representam uma média diária de quase 5 mil pessoas e cerca de 3% das viagens. Entre o público que usa a tecnologia, 52% foi por meio dos cartões por aproximação e 48% via celulares ou relógios e pulseiras inteligentes. O carnaval, primeiro evento de grande porte com a tecnologia em vigor, teve a maior utilização já registrada, chegando a quase 6 mil na terça-feira.

O presidente do MetrôRio, Guilherme Ramalho, disse que as transações são repetidas muitas vezes e tem nível baixíssimo de falhas. Segundo dados do metrô, a média de utilização por cliente é de 1,5 vez por dia. Para nós, como operadores de transporte público, isso traz uma facilidade enorme. Você tira uma etapa da jornada do cliente, que não precisa passar na bilheteria. A tecnologia tem potencial para ser dominante no transporte público, afirmou. Há três anos, o MetrôRio aceitava apenas o pagamento em dinheiro. Hoje, também é possível fazer recarga eletrônica ou em dinheiro nos cartões do próprio metrô ou comprar o bilhete em dinheiro.

04/03/2020 – Valor Econômico