O Trem do Corcovado apresentou nesta quarta-feira o novo modelo de veículo, previsto para ser inaugurado no dia 9 de outubro. Das três composições adquiridas, uma delas aportou nesta quarta-feira na cidade, e as outras duas chegam em agosto. A velocidade máxima de subida e descida dos novos transportes são de 25 Km/h e 18 Km/h, respectivamente. Custeado em R$ 200 milhões, o projeto foi executado pela construtora de trens suíça Stadler Rail. Esta será a quarta geração de trens da ferrovia.
Com capacidade para transportar 134 viajantes, estima-se que haverá um acréscimo de 30% no número de passageiros ao ano, podendo levar um milhão de pessoas ao Cristo Redentor em 2020. Os vagões possuem teto panorâmico, espaço para bicicletas e cadeiras de rodas.
Apesar das melhorias com a nova composição, a modernização do trem contrasta com o estado da estação, que faz 135 anos este ano. O presidente da Trem Corcovado, Sávio Neves, admitiu que a estação ficou ultrapassada e não corresponde às expectativas dos visitantes, que chegam e dão de cara com uma estrutura improvisada.
— A melhoria pretende dobrar de tamanho, contando com escada rolante e um segundo andar. O objetivo é oferecer mais conforto e segurança na hora de receber o turista, porque, atualmente, a estação é a mesma da época de Dom Pedro II. Ela ficou totalmente obsoleta e ultrapassada.
Na tentativa de revitalizar o local, a Trem Corcovado iniciou as obras de modernização da estação Cosme Velho no início de maio passado. No entanto, elas foram barradas por uma liminar emitida pela 16ª Vara de Fazenda Pública no último dia 20, depois que moradores deram entrada na Justiça para impedir a continuidade das obras. Na decisão, a juíza Natascha Maculan Adum Dazzi afirma que a Esfeco, empresa que administra o sistema há 38 anos, não apresentou um projeto arquitetônico com o impacto da obra.
— Os moradores dizem que a gente está fazendo uma obra sem comunicar a vizinhança e que a intervenção pode trazer um impacto. Se a gente conseguir a autorização, nós começamos imediatamente. Seria o ideal a gente inaugurar os novos trens em operação junto com a nova estação. As obras devem custar por volta de R$ 20 milhões, com dinheiro exclusivamente privado. Não tem um centavo do dinheiro público e mesmo assim a gente tem toda essa burocracia.
Outro fator que dificulta o andamento das obras na estação é a necessidade de uma autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) por ser tratar de um bem tombado.
Composições ao longo dos anos
Inaugurada em 9 de outubro de 1884 pelo Imperador D. Pedro II, a Estrada de Ferro do Corcovado é o passeio turístico mais antigo do país. À época o trem era movido a vapor e tinha capacidade de percorrer 3.824 metros em terreno íngreme. Mais antigo que o Cristo Redentor, a ferrovia transportou ao topo da montanha as pedras que foram utilizadas na construção do ponto turístico, inaugurado em 12 de outubro de 1931.
Em 1910, os trens a vapor foram substituídos por trens elétricos. Esta mudança e melhoramentos na ferrovia foram um marco na engenharia e na história dos transportes do Brasil, pois a Estrada de Ferro do Corcovado foi a primeira ferrovia elétrica do país.
A terceira composição chegou à cidade da Suíça em 1978. A mudança começou a transportar a quantidade atual de passageiros de 800 mil pessoas por ano. O trajeto no trem é também um passeio ecológico, atravessando a segunda maior floresta urbana do mundo, o Parque Nacional da Tijuca. Além disso, por ser elétrico, o trem não polui e parte do preço do ingresso é destinado ao Parque Nacional da Tijuca.
Veja a evolução dos trens e da estação do Corcovado desde a inauguração, em 1884: https://oglobo.globo.com/rio/veja-evolucao-dos-trens-da-estacao-do-corcovado-desde-inauguracao-em-1884-23735414
12/06/2019 – O Globo