VLT de Salvador terá vagões especiais para ambulantes e transporte de marisqueiras

Trens estão sendo transportados para a fábrica da CAF em Hortolândia, no interior paulista, para testes e manutenção

28/10/2024 – Folha de S.Paulo / Blog Sobre Trilhos

O VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) de Salvador terá vagões adaptados para vendedores ambulantes e transporte de caixas térmicas das pessoas que vivem da pesca de marisco, conhecidas como marisqueiras.

A previsão é que o sistema, que atenderá Salvador e municípios da região metropolitana, esteja em plena operação em 2028, com o início das atividades em seu primeiro trecho dois anos antes.

A adaptação de vagões foi discutida na última semana entre o governo estadual e a direção da CAF, fabricante dos trens, numa reunião em Salvador.

Nela, a presidente da CTB (Companhia de Transportes do Estado da Bahia), Ana Claudia Nascimento, disse que a expectativa é que, no início de 2026, o primeiro trecho do VLT, da Calçada até o Lobato, esteja em operação.

Os trens começaram a transportados no último dia 15 para a fábrica da CAF em Hortolândia, no interior paulista, para testes e manutenção, e os processos para adaptação para o transporte de marisqueiras serão feitos durante a permanência na indústria.

A previsão do governo baiano é que os 40 trens comecem a ser enviados para Salvador no segundo semestre do ano que vem. Cada um terá capacidade de transporte de 400 passageiros, sendo 77 sentados.

Os primeiros trilhos chegaram em setembro para as obras do trecho citado pela presidente da CTB, a partir do bairro da Calçada, no subúrbio ferroviário. Foram transportadas 369 barras de trilhos por oito carretas.

O governo prevê três trechos de VLT: da Ilha de São João à Calçada, de Paripe a Águas Claras e de Águas Claras à orla de Piatã, numa rota total de 36,4 quilômetros, com 34 paradas. O investimento total previsto é de R$ 5 bilhões.

Os trens que serão utilizados em Salvador pertenciam ao VLT de Cuiabá, que nunca foi concluído, mesmo depois de ter consumido R$ 1 bilhão. Era a principal obra de mobilidade na capital mato-grossense para a Copa do Mundo de 2014.

No primeiro semestre, os governos de Mato Grosso e Bahia selaram acordo para a transferência dos trens, negociação que foi aprovada pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) da Bahia.

Com o acordo, Mato Grosso deverá receber R$ 793,7 milhões pelos trens, dinheiro que, conforme o governo, será utilizado para terminar a obra do BRT —corredores de ônibus— e comprar os veículos para a operação do sistema.

A previsão é que os trens sejam pagos pela Bahia em quatro parcelas anuais, a primeira delas em dezembro.

Na negociação, foram incluídos o material rodante e equipamentos, a extinção de cinco ações judiciais propostas pelo consórcio do VLT de Cuiabá contra o governo mato-grossense e outras duas que tinham sido propostas pelo estado contra o consórcio.