Evento buscou trazer mais conhecimento aos metroviários sobre o tema e a realidade de praticantes de religiões discriminadas.
26/01/2024 – Trensurb
Por meio de seu Núcleo de Apoio à Diversidade, a Trensurb promoveu seminário intitulado “Intolerância Religiosa e o Respeito à Diversidade”, no auditório da empresa, na tarde de quinta-feira (25). Direcionado ao público interno da estatal, o evento contou com a participação dos convidados: Lilian Conceição da Silva, doutora em teologia, no eixo Educação e Religião, pela Faculdade EST, pós-doutora em Educação, Culturas e Identidades pela Fundação Joaquim Nabuco, ativista do Centro Ecumênico de Cultura Negra (CECUNE) e diretora de Políticas de Prevenção à Violência contra Mulheres da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Prefeitura de São Leopoldo; Baba Dibá de Iyemonjá, que é Babalorixá da Comunidade de Terreiro Ilê Asé Iyemonjá Omi Olodô, sanitarista pela UFRGS, presidente do Conselho do Povo de Terreiro do Estado do RS e coordenador da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (RENAFRO); Nader Alves Bujah, advogado; pós-graduado em Política Internacional; porta-voz da Frente Gaúcha de Solidariedade ao Povo Palestino e representante da União Palestina para América Latina no Sul.
No seminário, foi discutida a intolerância religiosa, que é o ato de discriminar e ofender religiões, liturgias e cultos ou ofender, discriminar e agredir pessoas por conta de suas práticas religiosas e crenças. Os metroviários puderam aprender mais sobre o tema e conhecer a realidade de praticantes de religiões que sofrem esse preconceito diariamente, além de tirarem dúvidas sobre como contribuir, enquanto cidadãos, em busca do respeito à diversidade.
O evento iniciou com a apresentação dos orixás e cânticos por Baba Dibá de Iyemonjá. A seguir, Lilian Conceição da Silva fez sua contribuição por meio de um vídeo gravado previamente. Ela foi a idealizadora de um projeto realizado no terreiro de batuque com o objetivo de divulgar como podemos enfrentar a violência contra mulheres e como reconhecer o protagonismo de mulheres negras no terreiro para superação de opressões de classe, raça, gênero e identidade religiosa. “Hoje, reconheço que pertenço à religiosidade e não apenas como cristã, mas também de batuque e umbanda, por entender que essas identidades me constituem com ancestralidade e orixalidade. Falar de diversidade religiosa é afirmar que, enquanto seres viventes e pessoas encarnadas, abrirmo-nos para o diálogo com outras pessoas é reconhecer a nossa incompletude e também nossa possibilidade de nos tornarmos pessoas melhores quando reconhecemos a humanidade na outra”, afirmou.
Além de falar sobre os orixás e os cânticos apresentados, Baba Dibá de Iyemonjá abordou o racismo religioso e a necessidade de se lutar contra ele de forma mais: “Precisamos de uma ação definitiva de todos os ministérios, para que de fato penalizem o racista. Ainda temos dificuldade de registrar ocorrência, pois esse tipo de preconceito, como racismo e intolerância religiosa, é visto como briga de vizinho e, quando chega no judiciário, nós viramos réus”.
Já Nader Alves Bujah tratou do conceito de intolerância religiosa, da sua religião muçulmana e da forma como é tratada: “Algumas pessoas fazem questão de tirar fotos de ruas sujas, uma criança suja e lugares precários, mas não sabem que em Gaza, por exemplo, existem médicos, cientistas e professores. A professora que ganhou um prêmio de melhor professor do mundo, foi de Gaza, então essa forma infeliz que é retratada é preconceito”.
Sobre a realização do seminário, ele comentou: “Gostei muito do tema porque eu acho que as pessoas precisam saber mais sobre ele, ter mais informações, explicações e é preciso que os governos deem mais importância para isso. Na opinião de Baba Dibá, o seminário na Trensurb também é muito relevante: “Acho muito importante a iniciativa da Trensurb de promover esse debate, afinal é muito importante comprometer as instituições com o combate ao racismo e à intolerância religiosa, que as pessoas assumam uma postura antirracista e mais inclusiva”.