As cidades não se resumem a avenidas, viadutos, prédios e infraestrutura física. Elas são, também, aglomerações de pessoas. Portanto, valores sociais, tradições, modelos de comportamento e processos culturais podem causar importante impacto na morfologia e estrutura interna das cidades.
Embora ciências diferentes na essência, sociologia e planejamento urbano, juntas, desempenham papel importante no desenvolvimento das cidades. Enquanto a sociologia nos fornece um entendimento científico da sociedade, o planejamento usa conceitos urbanísticos para atingir os objetivos de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento físico-territorial e social dos núcleos urbanos.
O valor do planejamento social é claro quando nos deparamos com problemas básicos e complexos nas áreas de segurança, transporte, habitação, saúde e educação. Do ponto de vista do planejamento urbano, a sociologia, baseada em expertise técnica e metodológica, ajuda os planejadores a analisar os mecanismos da realidade social de forma objetiva e desapaixonada. Isso contribui para a integração dos aspectos físicos da cidade aos modelos de comportamento da sociedade.
Com o auxílio de ferramentas específicas, o sociólogo afere, explica e colabora na busca de soluções possíveis para as situações presentes na vida das pessoas, estima custos e benefícios de processos sociais, apresenta diagnóstico de problemas relacionados ao dia a dia da população e prevê a evolução socioeconômica das cidades.
O planejamento urbano não pode prescindir de informações como a medição e o conhecimento da qualidade de vida das pessoas em determinadas situações. Além disso, a sociologia também é empregada para explicar as relações existentes entre crescimento econômico e fenômenos socioculturais, e para analisar as formas de trabalho, seu desenvolvimento e sua configuração no espaço urbano.
Estruturas e processos sociais são impactados pelo formato das cidades criado pelos planejadores. Deste modo, é importante que eles considerem aspectos como a associação entre a natureza física da cidade e as relações sociais, além do efeito do planejamento na distribuição de grupos e recursos nas áreas urbanas.
A tecnologia da computação moderna e o crescente interesse nas técnicas de georreferenciamento como complemento a outros métodos de ciências sociais facilitaram, para os estudiosos urbanos, a avaliação das consequências das decisões de planejamento, tanto em microrregiões como em toda a cidade. A compreensão dos processos urbanos de forma estratificada é importante, uma vez que nem sempre os modelos sociais, no plano individual, podem ser inferidos com precisão a partir de dados agregados.
Ainda que as abordagens qualitativas muitas vezes possam desvendar o significado e a importância social dos lugares, estudos quantitativos podem ser usados para entender melhor o contexto social em que as decisões de planejamento são tomadas, bem como suas implicações sociais.
Uma das tarefas da sociologia urbana é explicar as similaridades e as diferenças entre cidades e núcleos urbanos, identificar como isso afeta a vida das pessoas, e buscar possíveis soluções urbanísticas para contornar problemas sociais.
Embora esteja claro o importante papel da sociologia no planejamento das cidades, ela deve renovar sua visão sobre o ambiente urbano e as relações sociais. Isso engloba a avaliação contemporânea e permanente das diversas manifestações urbanas, como fonte vigorosa de informações para a evolução da sociologia como aliada ao planejamento das cidades.