O setor metroferroviário do Brasil começou em 2022 uma recuperação do período da Covid-19, com aumento do número de passageiros transportados e também da ampliação da malha, após quedas registradas no período da pandemia. Os dados são do balanço anual da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros Sobre Trilhos), que será divulgado hoje (18).
Em 2022, foram transportados 2,3 bilhões de passageiros nos 21 sistemas que operam em 11 estados e no Distrito Federal, contra 1,8 bilhão em 2021. No entanto, o número ainda está muito abaixo do recorde de 2019, quando os sistemas levaram 3,3 bilhões de passageiros.
A malha também voltou a crescer em 2022, com a inauguração de novos sistemas em São Paulo (SP) e Natal (RN) e com isso alcançou 1.124 quilômetros, contra 1.106 registrados em 2021, ano em que a malha pela primeira vez em uma década foi reduzida (era de 1.116 quilômetros no ano anterior).
De acordo com o levantamento, 91 quilômetros de projetos metroferroviários estão em construção, que acrescentariam mais 77 estações. No entanto, a expectativa é de que somente os sistemas de Fortaleza (CE), Natal, Salvador (BA) e São Paulo, totalizando 15,6 km de trilhos e nove estações, estejam prontos neste ano. Seguem ainda a expectativa de concessões em Brasília (DF), Porto Alegre (RS), Recife (PE) e em São Paulo.
Joubert Flores, diretor-executivo da associação, diz que a recuperação de passageiros aos níveis anteriores à pandemia passa por desafios de mudança de comportamento das pessoas, que passaram a se utilizar muito mais de meios eletrônicos para trabalhos e compras, por exemplo. Segundo ele, o que poderia ampliar o volume seria um crescimento mais significativo da malha, mas ele tem sido historicamente pequeno, ao nível de 2% ao ano.
“O crescimento é lento mesmo diante de uma base pequena. Nossa esperança são alguns processos de concessão que estão em andamento, que podem fazer com que tenhamos um incremento maior nos próximos anos”, disse o presidente.
Recursos federais
Joubert diz que os investimentos metroferroviários são de alto valor e, como os estados têm baixa capacidade fiscal de investimentos e o governo federal no Brasil, diferentemente de outros lugares do mundo, não entra com recursos nos projetos (só faz empréstimos), isso cria dificuldades para os projetos metroferroviários. Outro problema é a falta de planejamento de longo prazo dos estados, cujos governos mudam de prioridades a cada ciclo político.
A associação calculou que, mesmo ainda distante do seu recorde, o funcionamento dos sistemas metroferroviários no país “retornaram à sociedade brasileira mais de R$ 30 bilhões, em termos sociais, econômicos e de qualidade de vida”.
Nesse cálculo entra a redução de 1,3 bilhão de horas nos deslocamentos dos usuários, a economia de R$ 379 milhões em custos com acidentes, a redução de 1 bilhão de litros de combustível fóssil, a não emissão de 2,1 milhões de toneladas na emissão de poluentes na atmosfera, entre outros.
De acordo com Flores, mesmo com a pequena extensão dos sistemas metroferroviários no país, foi possível ter esse número volumoso de ganho que, para ele, deve ser apropriado pelos formuladores de política pública como forma de justificar os elevados investimentos que precisam ser feitos no setor, mostrando que o dinheiro gasto terá retorno para a sociedade.
18/04/2023 – Agência iNFRA