Compromisso para reduzir emissões no segmento foi formalizado por representantes de associações e empresas de mobilidade durante a quarta edição do ciclo de seminários “Brasil Rumo à COP 30”
29/11/2024 – Valor Econômico / CCR
Com o objetivo de reduzir a emissão de gases de efeito estufa e encontrar soluções que colaborem para ganho de eficiência e redução de impacto ambiental, representantes da sociedade civil, da academia e da iniciativa privada criaram uma coalizão inédita para mitigar a produção de dióxido de carbono e sua emissão na atmosfera. O pacto foi firmado em Brasilia, na última terça-feira (26), durante a quarta edição do ciclo de seminários “Brasil Rumo à COP 30”, apresentado pelo Grupo CCR, maior empresa de infraestrutura de mobilidade do país, em parceria com a Editora Globo.
O evento, realizado na sede da Confederação Nacional do Transporte (CNT), reuniu ministros, diplomatas, empresários e entidades do setor de transporte e logística. A coalizão, assinada durante o seminário, foi proposta pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), pelo Grupo CCR e pelo Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável, do Insper.
Dê play e confira a íntegra do evento:
“Descarbonização é sinônimo de tecnologia, de redução de custos, de eficiência, de redução de externalidades negativas”, afirmou Miguel Setas, CEO do Grupo CCR. “No final do dia, é sinônimo de desenvolvimento para o país”, argumentou.
De acordo com o Grupo CCR, a coalizão vai produzir um amplo diálogo entre a iniciativa privada, o governo e a academia para elaborar uma proposta conjunta de recomendações que possam ajudar a reduzir a emissão de gases de efeito estufa. O
objetivo é trabalhar nas áreas de: infraestrutura e interseccionalidades; mobilidade urbana; e nos transportes rodoviário, ferroviário, aéreo, além do aquaviário e de cabotagem.
A coalizão busca colaborar com o governo federal na formulação das metas de descarbonização que integrarão o novo Plano Clima, previsto para ser divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima em 2025, ano em que o Brasil sediará a COP 30, em Belém (PA).
Novas tecnologias
Durante o seminário, Setas enfatizou a importância da inovação tecnológica e novos modelos de negócio para impulsionar a descarbonização no setor de transporte. “Para reduzir emissões, temos que embarcar novas tecnologias. Falamos hoje aqui do free flow, de novos modelos de negócio e de novas formas de trabalhar”, defendeu. Setas apontou ainda que essas inovações são fundamentais para levar o setor a um patamar superior de eficiência e excelência. “São mudanças que transportam o setor para um nível que é importante para todos nós”, disse.
O executivo projetou os desafios e oportunidades que a COP 30 trará ao país. “Estou muito feliz de podermos, no próximo ano, trabalhar todos juntos, com uma única voz, para que o Brasil assuma na COP 30 seu papel de superpotência mundial de sustentabilidade”, afirmou.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, classificou o momento como oportuno para reforçar a posição de liderança do país no cenário internacional. “O Brasil tem a chance de liderar a descarbonização global, mostrando ao mundo que é possível conciliar avanço econômico com a preservação ambiental”, observou. Para o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, é vital ampliar o debate ambiental para além das florestas, com foco nas cidades, especialmente na Amazônia. “Quando a gente fala de meio ambiente, estamos falando de gente. E a maioria das pessoas, inclusive as que vivem na Amazônia, mora nas cidades, não embaixo de copa de árvore”, disse.
Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos, exaltou a posição privilegiada do país no setor: “O mundo hoje quer produzir, quer segurança jurídica, quer crédito, mas quer tudo isso com sustentabilidade. E o Brasil se coloca hoje como esse grande player internacional pelos ativos que tem na área da sustentabilidade”, disse. Já Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União, destacou o papel dos atores públicos e da iniciativa privada: “Os órgãos de controle estão irmanados com o setor privado e com o Estado brasileiro para buscar caminhos que nos coloquem em posição de protagonismo na superação desse drama [das mudanças climáticas]. Certamente a COP 30 será a oportunidade de mostrar nossa capacidade de lidar com essa questão”.
Autoridades e especialistas presentes na quarta edição do seminário “Brasil Rumo à COP 30” também discutiram as propostas levadas à COP 29, no Azerbaijão, e os compromissos que o Brasil deve assumir na jornada rumo à COP 30, em Belém.
O embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, destacou o engajamento do Brasil pela descarbonização: “O nosso compromisso é reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa em 59% a 67% até 2035, em comparação com os níveis de 2005”.
Segundo ele, isso significa uma diminuição entre 150 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO2 equivalente. “Esse pacto, apresentado antes do prazo oficial, é um sinal claro da vontade do país de liderar pelo exemplo”, disse.
Para a embaixadora Tatiana Rosito, membro da Força-Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima, essa é uma questão que exige uma resposta conjunta e integrada entre os diferentes setores. “Não é só uma questão econômica. Mas política, e também social”, argumentou.
Para a secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Ana Toni, os resultados da COP 29 foram insuficientes diante da urgência da crise climática. Apesar de reconhecer progressos pontuais, a executiva destacou a necessidade de ações mais ambiciosas e rápidas.
Nesse sentido, Juliana Silva, diretora de sustentabilidade do Grupo CCR, alertou que a COP 30 é a oportunidade de o país moldar o futuro das conferências. “Poderá ser um marco não só para o Brasil, mas para todo o mundo, mostrando como um país democrático pode liderar a transição climática com soluções inovadoras e inclusivas.” O deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania -SP) concordou: “A COP 30 poderá consolidar o Brasil na vanguarda da economia verde. Nós podemos dar lições ao mundo nesse sentido”, afirmou.
Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), avaliou que o país está no caminho certo e lembrou que uma sinalização importante foi a aprovação do projeto de lei que regula o mercado de carbono. Na visão dela, o país tem muito a oferecer em soluções para o alcance do net zero (emissões líquidas zero de CO2). “Essa COP [30] precisa ser a COP da implementação”, reforçou.