As construtoras Mendes Júnior e Heleno & Fonseca podem assumir as obras do monotrilho após rescisão do contrato do Metrô de São Paulo com o consórcio formado pela Andrade Gutierrez e CR Almeida. De acordo com o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, as empresas foram as segundas colocadas nos dois lotes que haviam sido arrematados pelo consórcio.
A Mendes Junior ficou em segundo na licitação para a construção do pátio civil, enquanto a Heleno & Fonseca é a segunda da lista para as estações – Campo Belo, Vila Cordeiro e Chucri Zaidan. Trata-se da construção de parte da Linha 17-Ouro, que liga o aeroporto de Congonhas à estação Morumbi da CPTM, na zona Sul da cidade de São Paulo.
O secretário tem esperança de que as empresas possam assumir, uma vez que a diferença de preços entre a proposta da vencedora e as segundas colocadas foi pequena. Um acordo com as construtoras poderia evitar um atraso grande na obra, como ocorreu com as obras da Linha 4 -Amarela, onde foi necessário uma nova licitação.
As empresas já foram contatadas em caráter informal e, pela percepção de Pelissioni, “mostraram interesse”. Procurada, a Mendes Junior disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que “executa projetos para o Metrô-SP e tem todo o interesse em continuar com essa parceria”. A Heleno & Fonseca não retornou os pedidos de entrevista feitos pelo Valor.
A expectativa é que o processo de rescisão do contrato com Andrade e CR Almeida seja concluído em 40 dias quando, então, as segundas colocadas serão oficialmente consultadas e terão um prazo para responder se querem assumir a empreitada. Se tudo correr como o esperado, já em março deve haver definição sobre a continuidade das obras e o secretário espera que o calendário seja cumprido, com as entregas efetuadas no mais tardar no início de 2018.
Caso as construtoras não manifestem interesse em tocar o trecho do monotrilho, o secretário deverá procurar as demais empresas classificadas na licitação antes de iniciar um novo processo.
A construção do pátio foi orçada em R$ 268 milhões, dos quais R$ 154 milhões já foram pagos. As três estações custariam R$ 129,2 milhões, valor que foi reduzido para quase R$ 120 milhões. Desses, R$ 45 milhões já foram pagos. O restante dos valores fica para a execução da obra.
A avaliação de uma fonte do mercado é de que Mendes Junior e Heleno & Fonseca não têm condições de assumir o trecho do monotrilho, devido a dificuldades de caixa e de falta de equipe. A Mendes Junior é uma das investigadas da Operação Lava-Jato, que apura irregularidades em contratos com a Petrobras. Desde o fim de 2014 a empresa é alvo de um processo de responsabilização da Controladoria-Geral da União, que ainda não foi concluído.
Segundo a mesma fonte, ainda existe a necessidade de a empresa que assumir o projeto fazer uma “boa vistoria do que foi feito”, para não deixar margem de dúvidas sobre quem fez o quê e sobre a qualidade do que já foi realizado.
É o segundo problema enfrentado pelo Metrô em obras na capital paulista em seis meses. Em julho foi rescindido contrato com a Isolux, vencedora do lote para construir quatro estações da Linha 4-Amarela: Mackenzie-Higienópolis, Oscar Freire, Morumbi e Vila Sônia. No caso da última, está incluso um terminal rodoviário.
Neste caso, foi preciso chamar uma nova licitação que terá a abertura das propostas comerciais no dia 11 de fevereiro. O valor da licitação para completar as obras iniciadas tem teto de R$ 1,3 bilhões e ganha quem oferecer menor preço. Pelissioni disse que 16 consórcios mostraram interesse.