Santos vai receber três carros (vagões) históricos da SPR para visitação e preservação da memória do transporte ferroviário

Um dos carros chegou a transportar presidentes da República e outras autoridades nacionais e internacionais. Ônibus também atraíam “público Vip”

Os mais jovens talvez nem consigam imaginar, mas em uma época, presidentes, governadores, prefeitos, artistas, esportistas e grandes empresários andavam de ônibus e trem como todos os demais cidadãos.

Até os anos 1950 e 1960, os carros (vagões) de madeira ou aço de ferrovias como a Santos-Jundiaí e os charmosos ônibus, como os norte-americanos importados GMs da Viação Cometa, eram verdadeiros “veículos de diplomatas”.

Os trens tinham categorias diferentes. Havia carros (vagões) que eram quase mansões sobre trilhos, com suas toaletes dotadas de peças de ouro, camas confortáveis, sala de estar, serviço de bordo, restaurantes e lustres que pareciam os adornos das entradas de salas de espetáculos.

Um pouquinho desta época poderá ser revivido a partir de dezembro em Santos, no Litoral Paulista.

A cidade vai receber do DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes três carros (vagões) que pertenceram à SPR – São Paulo Railway, a empresa inglesa que construiu, inaugurou em 1867 e foi concessionária da linha Santos – Jundiaí até 1946.

As três peças estão guardadas atualmente em um armazém na Lapa, zona Oeste da capital paulista.

Segundo a prefeitura de Santos, os carros (vagões) serão expostos a partir de dezembro, no armazém 12A (garagem dos bondes), ao lado da Estação do Valongo. A intenção da Secretaria de Turismo (Setur) é realizar, por exemplo, visitas monitoradas, que vão contar um pouco da história dos transportes ferroviários.

Em nota, a prefeitura diz que estes carros (vagões) já transportaram presidentes e outras autoridades nacionais e internacionais. Um dos veículos também foi usado por engenheiros da ferrovia para fazer as inspeções na linha.

“Restaurados e em bom estado, os vagões serão doados à Prefeitura sem qualquer custo. De 1909, o mais luxuoso é chamado de vagão Presidencial porque era usado para viagens inaugurais e com autoridades, tanto que transportou ex-mandatários do País como Getúlio Vargas, Afonso Pena e Washington Luís. Possui 16 poltronas estofadas e banheiro. O carro Administrativo, de 1913, era utilizado em viagens de inspeção por técnicos e engenheiros ferroviários. Possui uma cauda panorâmica (de vidro) e capacidade para 23 pessoas. Já o vagão Buffet Pullman (1922) foi usado pela São Paulo Railway até 1947, inclusive nas viagens regulares entre Santos e a Capital. Com capacidade para 14 pessoas, tem cozinha com bar e banheiro”. – explica a nota.

A transferência da Lapa para Santos vai exigir uma verdadeira operação que vai contar com técnicos e engenheiros.

Os carros irão pelos trilhos das linhas da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e, na fase mais difícil do transporte, descerão a Serra do Mar por Paranapiacaba, revivendo parte do trajeto que faziam regularmente.

O diretor do DNIT, Charles Magno, disse na nota que as peças são relíquias da história dos transportes.

“São relíquias importantes para o Brasil. Estamos felizes de doar para uma cidade histórica como Santos” – comentou.

O encontro entre o executivo do DNIT e o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, ocorreu na última terça-feira, 13 de novembro de 2018.

O chefe do executivo prometeu que os carros (vagões) já serão atrações para os turistas neste Verão e elogia as peças.

“São um marco histórico. Com certeza, serão muito bem cuidados na nossa cidade”. – comentou.

18/11/2018 – Diário do Transporte