O presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, que esteve em Cuiabá na última semana para anunciar a retomada das obras do programa Minha Casa Minha Vida em Mato Grosso, aproveitou o ensejo para garantir apoio ao governador Pedro Taques (PSDB) para a retomada das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). As negociações com o Consórcio responsável pela implantação do modal foram suspensas por conta da Operação Descarrilho, que apura possíveis fraudes no procedimento licitatório.
“Vamos continuar à disposição do Estado de Mato Grosso, temos muita coisa ainda para resolver, o VLT é uma delas. VLT é fundamental aqui para a mobilidade urbana. Nós estamos trabalhando junto com o Governo do Estado, com o Ministério Público Federal, Ministério das Cidades e o nosso objetivo, ao vencermos todos os questionamentos que estão no Judiciário, é vamos retomar essa obra”, assegurou Gilberto Occhi.
O governador Pedro Taques agradeceu o apoio e revelou interesse em dar continuidade a implantação do modal, desvinculando-se dos boatos de que o Estado estaria planejando trocar o VLT pelo Bus Rapid Transit (BRT).
“A Caixa Econômica sempre se colocou à disposição do Governo do Estado, no sentido de terminarmos a obra do VLT, isso é fato. Precisamos resolver a questão judicial, como ele fez referência. Mas eu tenho certeza que a Caixa permanecerá conosco”, disse o governador.
No dia anterior ao encontro de Taques e Gilberto Occhi, o secretário adjunto do VLT, José Piccolli Neto, afirmou em entrevista ao Olhar Direto que, dentre as alternativas estudadas pelo Governo do Estado, uma das mais propensas a ser concretizada é de implementação de um modelo de Parceria Público-Privada (PPP).
“Estão sendo estudadas todas as opções, inclusive a de trocar o modal. Por que não? Só que isso vai depender de custo, o que nós vamos fazer com o material que está aí? Vender a preço de banana também não interessa. Então nós estamos avaliando todas as possibilidades: uma nova licitação, trocar o modal, uma parceria-público privada para concluir e, inclusive, aproveitando se for fazer a PPP para incluir a parte operacional. Vamos esperar saber como vai ficar a parte jurídica para seguir com os próximos passos”, afirmou o secretário.
Além disso, Piccolli contradisse o que havia dito o secretário de Cidades, Wilson Santos, sobre a existência de compradores interessados em adquirir as composições do VLT, estocadas em um pátio desde 2013. Neste sentido, reforçou a importância em dar continuidade às obras do VLT, ainda que isso significasse refazer o processo licitatório.
“Não tem [compradores], porque não tem outro local onde está sendo implantado o VLT. Alguns lugares até pensam em implantar, mas por exemplo, em Fortaleza o trem é a diesel e o nosso aqui é elétrico, então não serviria lá. O de Salvador é uma concessão e ficaria na condição do camarada de lá saber se os nossos trens teriam alguma viabilidade para lá. O de Goiânia está suspenso. Houve interesse, unicamente, de uma empresa alemã que queria comprar 10 trens, mas foram apenas comentários”, afirmou.
Operação Descarilho
As obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em vias de serem retomadas com a proximidade de acordo entre Consórcio e Governo, voltaram às páginas policiais com a Operação Descarrilho, deflagrada pela Polícia Federal, na qual são apuradas possíveis irregularidades na escolha do modal para operar na região metropolitana de Cuiabá. Entre os alvos da operação está o ex-secretário da Secopa Maurício Guimarães, conduzido coercitivamente.
A ação apura os crimes de fraude a procedimento licitatório, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de capitais, em tese ocorridos durante a escolha do modal VLT e sua execução na Capital de Mato Grosso.
Foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão, sendo 10 em Cuiabá (MT), um em Várzea Grande (MT), um em Belo Horizonte (MG), um no Rio de Janeiro (RJ), um em Petrópolis (RJ), dois em São Paulo (SP) e dois em Curitiba (PR).