O sistema de transporte público do país pode estar à beira de um colapso, segundo acusam seus operadores privados. O motivo é a queda brusca no número de passageiros durante o isolamento social. No Rio de Janeiro são 44 milhões de usuários a menos desde que foi determinada a quarentena. Um estudo da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) mostra que, entre 16 de março e 30 de abril, a perda financeira nos sistemas de metrô, trem e VLT foi equivalente a R$ 173 milhões.
Presidente da ANPTrilhos, Joubert Fortes Flores Filho teme uma possível paralisação: “Até agora, as concessionárias sustentaram seus sistemas com o que elas tinham em caixa. No entanto, estamos chegando a um momento difícil. Para funcionar é preciso arrecadar. Não sabemos até quando será possível segurar”.
Segundo Flores, não há como antecipar uma data, nem ao menos se os serviços serão ou não alterados. Mas ao menos ele garante que os postos de trabalho seguem mantidos. “Pode ser que haja um revezamento ou adaptações. Contudo, estamos mantendo o compromisso com a manutenção dos empregos, mas não sabemos até quando. O problema, é que mesmo com a redução de passageiros, o funcionamento desses meios é total. Isso significa que as despesas continuam as mesmas, porém, a arrecadação não. Isso tem um impacto direto”, afirma Joubert, que completa: “Hoje, 75% dos gastos das operadoras são com energia e manutenção”.
Professor da Coppe/UFRJ, Márcio D’Agosto diz que uma das saídas seria o governo assumir os custos de operação para que o sistema não entre em colapso. “O sistema vive das tarifas. O governo deveria assumir ao menos uma parte dessas despesas e evitar a interrupção dos serviços”, diz o especialista em transportes.
Negociações
Em busca de uma solução de curtíssimo prazo, as concessionárias têm feito negociações junto ao governo do estado, ao BNDES e a órgãos federais em busca de apoio para garantir a manutenção da operação.
A Supervia diz que perdeu 65% de passageiros desde o início da quarentena, o equivalente a 400 mil usuários. Por meio de nota, informou que adotou a redução de 25% na jornada e salários de 2 mil funcionários como forma de reduzir despesas. Ainda segundo a Supervia, são necessários R$ 40 milhões por mês para garantir o funcionamento do serviço em maio e junho.
Já o Metrô Rio registra, desde 23 de março, uma redução média de 80% no número de passageiros diários. Durante os fins de semana e feriados esse número chega a 93% de queda. Para se ter uma noção do que isso representa, em um operação normal o metrô transporta, por dia, 900 mil pessoas.
19/05/2020 – O Dia