por Roberta Marchesi*
O transporte de passageiros sobre trilhos é um serviço público, de cunho social, que tem como objetivo o deslocamento de grande número de pessoas, estruturando os corredores de alta demanda e contribuindo para a melhoria da mobilidade urbana, através da prestação de um serviço rápido, regular, seguro e sustentável.
Além do seu importante papel na mobilidade dos cidadãos brasileiros, o transporte sobre trilhos é um grande indutor de desenvolvimento de novos negócios e geração de oportunidades como a revitalização urbana e o adensamento de áreas, exercendo relevante função na indução do crescimento das cidades.
A disponibilidade de sistemas de transporte metroferroviários amplia e induz o interesse pela ocupação de áreas, pois ele conecta o bairro ou a região aos interesses de deslocamento das pessoas. Bairros onde estão previstas ou em construção linhas de metrô, trem ou Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) tendem a ter maior valorização imobiliária devido a à essa oferta de transporte, que contribui de forma efetiva para a redução dos tempos de deslocamento e ampliação da qualidade de vida dos seus usuários.
Um exemplo de sucesso neste contexto é a implantação do VLT do Rio de Janeiro, que proporcionou uma grande transformação e revitalização da região central e portuária da cidade, gerando desenvolvimento turístico, comercial e imobiliário. Museus foram instalados, hotéis e prédios comercias construídos, trânsito reordenado e a paisagem renovada, atraindo grande número de empresas e turistas para a região.
E não é somente na sua área de influência, nas regiões por ele atendidas, que os sistemas sobre trilhos geram valorização e impulsionam negócios. Áreas de grande concentração de pessoas, as estações estão ampliando cada vez mais a oferta de serviços com instalações de lojas diversas, serviços alimentícios e unidades de serviços governamentais. Com o tempo se tornado cada vez mais escasso, a concentração desses atrativos facilita o dia a dia dos passageiros, que podem usufruir desses serviços sem alterar a rota de seus deslocamentos.
Agregados às estações, os shoppings centers e centros comerciais também estão usufruindo desses deslocamentos com uma oferta maior de opções que as já oferecidas nos acessos às estações. Em São Paulo, o sistema de metrô da cidade possui shoppings com acesso direto às estações e outros centros comerciais com acesso rápido e fácil ao sistema. Esse modelo de negócio, que valoriza os bairros, as estações dos sistemas metroferroviários e contribui para a redução dos tempos de deslocamento diários dos cidadãos, é uma tendência e já está em planejamento em diversos outros Estados, como Rio de Janeiro e Distrito Federal, onde os operadores já possuem projetos para a instalação de shoppings centers e torres empresariais conectadas às estações.
Essa tendência de exploração imobiliária não é novidade e já está bastante consolidada no exterior, onde há inúmeros empreendimentos que conectam o transporte público com a exploração imobiliária. Em alguns Países esse modelo de desenvolvimento chega a ser tão interligado que as linhas de metrô e trens de passageiros estão sendo concebidas atreladas à implantação de novos bairros, com centros residenciais e comerciais.
Todos esses exemplos mostram a atratividade do transporte de passageiros sobre trilhos não somente para a sua atividade fim, mas também para o desenvolvimento de negócios que contribuem para a qualidade de vida da população, que terá mais acesso aos serviços, com menores tempos de deslocamentos. Além disso, a exploração imobiliária e comercial reverte recursos para os sistemas, contribuindo com o financiamento do transporte e com a otimização das linhas.
A Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) atual em prol da mobilidade dos brasileiros e defende os investimentos para o avanço das redes de transporte sobre trilhos e o melhor atendimento à população.
* Roberta Marchesi é Diretora Executiva da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Mestre em Economia e Pós-Graduada nas áreas de Planejamento, Orçamento e Logística.