Maioria atua como agente de estação auxiliando os usuários e, alguns casos, salvando vidas
Em dez anos, o número de mulheres na CPTM cresceu 65%, passando de 879, em 2006, para 1.453 atualmente. O cargo com mais empregadas é o de agente de serviços de operação. São 570 funcionárias que atuam diretamente com o público nas estações, auxiliando na prestação de serviços aos usuários, mas também em casos de emergências. Em fevereiro, por exemplo, duas agentes se destacaram em ações de atendimento que salvaram vidas.
Um dos casos aconteceu na Estação São Caetano, na Linha 10-Turquesa (Brás – Rio Grande da Serra), no dia 14/02, por volta das 7h50. O usuário Carlos Eduardo Guerra Terror desembarcou na estação apresentando um quadro de mal súbito, seguido de uma parada cardiorrespiratória.
Naquele dia, a líder de estação Raquel Martins Barbosa, há oito anos na CPTM, realizava as atividades rotineiras na sala operacional, quando ouviu a conversa da agente Solange Mendes Xavier com o SAMU. A líder, rapidamente, rompeu o lacre do compartimento onde fica o DEA (Desfibrilador Externo Automático) e correu à plataforma a fim de socorrer o usuário.
Ela conta que quando chegou no local, o usuário apresentava uma cor meio roxa e havia um voluntário realizando a massagem cardíaca nele e toda a equipe de vigilantes da estação já estava mobilizada. Então, ela ligou o DEA, posicionou os eletrodos no corpo do usuário e seguiu as orientações do equipamento. “Foi um momento muito tenso”, disse Raquel.
De acordo com ela, foram aplicados três choques no corpo do usuário. Logo, os profissionais do SAMU chegaram e, imediatamente, o entubaram e estabilizaram os batimentos cardíacos do senhor Carlos. A vítima foi conduzida ao Hospital de São Caetano, ficou na UTI por alguns dias e já recebeu alta.
Na avaliação da líder, todos os procedimentos (massagem cardíaca e aplicação do DEA) realizados pela equipe da estação e pelos voluntários foram determinantes para dar sobrevida ao usuário. “O mais importante é manter a calma, conter a emoção e focar para relembrar o procedimento, porque a pessoa está precisando da gente”, ressaltou Raquel. “Eu gostaria de agradecer toda a equipe da estação, principalmente os vigilantes que auxiliaram muito registrando todos os contatos dos envolvidos e dando o suporte necessário”, disse.
Uma outra ação emocionante ocorreu na estação Tatuapé, na Linha 12-Safira (Brás Calmon Viana). A líder de estação Dirce Santos do Nascimento, há 20 anos na CPTM, contou que, naquele dia, a circulação de trens na linha 12 estava com maior intervalo devido às fortes chuvas que atingiram a cidade. Todos os empregados estavam envolvidos nas atividades de orientar os passageiros, quando os vigilantes socorreram o idoso Nilton Garcia de Souza, 73 anos, que havia caído no saguão, e o levaram à sala operacional.
Dirce percebeu que, além das escoriações que o idoso apresentava no braço, ele estava bastante confuso e não conseguia lembrar, sequer, o próprio nome, nem o endereço e tampouco, o nome de algum parente. Com os documentos do senhor Nilton em mãos, a líder de estação iniciou uma jornada de ligações para encontrar algum parente do usuário. Tentou informações com a Polícia, procurou na internet e, finalmente, pelo serviço de auxílio a lista, descobriu o número de telefone de alguns amigos.
Assim conseguiu o contato de sua filha, Marli, que contou que o usuário é portador da doença de Alzheimer e que já estava desaparecido há dois dias. Os familiares já pensavam em fazer um boletim de ocorrência. De acordo com Marli, o idoso havia saído de casa para visitá-la.
Enquanto a líder da estação se empenhava em localizar os familiares do idoso, o vigilante Marcelo Gomes permaneceu ao lado dele para que não se sentisse desamparado. Com isso, aos poucos, Nilton relembrou o próprio nome e dos seus filhos e o reencontro com a filha na estação foi emocionante.
“Eu fiquei muito preocupada com a situação e antes de pensar em encaminhá-lo a um hospital me empenhei em localizar alguém da família. A minha mãe sempre me ensinou a ajudar as pessoas. Procuro aplicar isso também no trabalho porque temos que ser profissionais e o lado humano é o importante é você sempre fazer o seu melhor”, ressaltou Dirce.