A correria das pessoas nos grandes centros urbanos gera desgastes diários quando a questão é o tempo dispendido nos deslocamentos, principalmente se o usuário necessita usar mais do que um modal. Por isso, sair do ônibus e correr para pegar um metrô sem ter que enfrentar fila ou contar dinheiro pode fazer a diferença entre chegar, ou não, no horário certo, à labuta diária.

Para reduzir a pressão do tempo e facilitar a movimentação nas cidades, o sistema de transporte de passageiros sobre trilhos está investindo em novas tecnologias. Pagamentos por aproximação de cartões de crédito, QR Code e sistemas de reconhecimento facial estão entre as novidades implantadas. Tudo isso para que o
passageiro ganhe “minutinhos” preciosos em sua rotina.

O MetrôRio, desde abril de 2019, utiliza o pagamento por aproximação direta de cartão ou dispositivos eletrônicos em suas catracas. E o número de usuários tem aumentado. O crescimento na média de utilização da tecnologia foi de 320% em seis meses, até chegar a 411 mil no mês de outubro. Atualmente, cerca de 4,2 mil passagens são pagas diariamente por meio do novo serviço. A maior parte das transações (52%) é feita com dispositivos como celular, pulseiras ou relógios; e 48%, por cartões com a tecnologia NFC (Near Field Communication) implantada.

Guilherme Ramalho, presidente do MetrôRio, destaca que a novidade permite mais economia de tempo para o cliente e maior fluidez no embarque. “Buscamos oferecer conveniência e praticidade. A aceitação de pagamento por aproximação, permitindo o ingresso no sistema com o uso do cartão de crédito ou celular do próprio cliente, é um passo fundamental nessa direção, pois elimina filas e torna a viagem mais rápida e simples. Acreditamos que a mobilidade urbana deve ser cada vez mais integrada e de fácil utilização. Estamos empolgados em oferecer essa inovação de forma pioneira para os cariocas e turistas que visitam a nossa cidade”, ressalta.

A nova forma de pagamento é aceita em todas as 41 estações do MetrôRio; e o horário mais utilizado é na volta para casa, entre 18h e 19h, seguido do período entre 8h e 9h. A maioria dos passageiros (61%) utiliza o pagamento direto nas catracas duas ou três vezes ao dia, 36% utilizam somente uma vez por dia e 3% usam quatro vezes ou mais, diariamente. Os passageiros ainda poderão adquirir, em breve, cartões por aproximação na estação central do metrô e em caixas automáticos da Saque e Pague.

Pesquisas mostram que os pagamentos por aproximação estão substituindo o dinheiro gradativamente. Segundo levantamento da operadora de cartão de crédito Visa do Brasil, no país, desde o final do ano passado, o número de pagamentos por aproximação chega a mais de um milhão por mês. Já no Rio de Janeiro, o crescimento anotou uma alta de 2.000% em um ano.

O presidente da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), Joubert Flores, frisa que o transporte de passageiros sobre trilhos sempre teve, em sua essência, o uso de tecnologias para garantir viagens seguras, rápidas e confiáveis. “É uma maneira de diminuir o tempo de viagem do usuário. Do contrário, se você chega ao metrô e tem uma fila de 20 minutos, acaba desistindo ou pegando outro tipo de condução. Além disso, estamos usando essas ferramentas para diminuir o custo operacional”, explica. Flores ainda cita que os novos tipos de pagamento são uma tendência e que, em um futuro próximo, podem refletir no preço das passagens. “Em Londres, começaram a utilizar o pagamento com QR Code e, hoje, mais de 30% das operações já são feitas assim. No futuro, poderemos diminuir a tarifa, pois existe a possibilidade de termos menos infraestrutura para venda e menos interface, ganhando no tempo da viagem e de espera.”

Nessa esteira, também segue o Metrô de Salvador (BA). Com a utilização de apenas um cartão de integração, que pode ser o CCR Metrô Bahia, SalvadorCARD ou Metropasse, o passageiro paga apenas uma tarifa. Para integrar metrô com ônibus urbanos, o prazo é de até duas horas e podem ser feitas as seguintes combinações: metrô/ônibus/ônibus ou metrô/metrô/ônibus. A tarifa paga para a integração é de R$ 4, mesmo valor dos ônibus. O metrô tem tarifa de R$ 3,70. A integração também é feita com os ônibus metropolitanos em um prazo de até três horas, e o passageiro paga apenas o valor cheio da tarifa do ônibus, já que cada linha tem um preço diferenciado.

O gestor de arrecadação do metrô de Salvador, Júlio Freitas, cita que, com o cartão, o usuário pode se deslocar por toda a região metropolitana de Salvador de metrô ou de ônibus. “Estamos investindo em novas formas de carregamento do cartão. Também implantamos débito e crédito, com uma adesão muito grande, chegando a um quarto das vendas. Além disso, há máquinas de autoatendimento, que já respondem por 40% da venda total.” Freitas também destaca que os custos operacionais vêm caindo e cita que as novidades não param por aí. “Devemos lançar uma rede credenciada de três mil pontos para a compra do crédito para o metrô. Também em breve, teremos um aplicativo que servirá para fazer recarga usando o débito na conta corrente do usuário, de acordo com o banco que ele utiliza. A redução de custos durante o processo de vendas de passagens caiu de 4% para 2,5%. Estamos investindo em velocidade, agilidade e qualidade, agregando com novas tecnologias”.

No Metrô de São Paulo, o pagamento de tarifa com QR Code foi iniciado em setembro deste ano e está em fase de avaliação. O usuário pode fazer a aquisição no aplicativo de celular VouD, que aceita cartão de crédito como forma de pagamento. Para validar o bilhete, basta aproximar da catraca o código gerado pelo app no celular. Outra opção é fazer a compra com cartão de débito em máquinas de autoatendimento. O bilhete também é emitido com um QR Code.

Por meio de nota, a STM (Secretaria dos Transportes Metropolitanos) informou que esse projeto-piloto faz parte do plano de modernização dos sistemas de pagamento de tarifas. Conforme a Secretaria, “a medida reduz os custos com a operação e possibilita que os passageiros transitem com menos dinheiro e antecipem a compra de seus bilhetes antes de cada viagem, o que otimiza o seu tempo e traz mais segurança no dia a dia”.

Clique aqui e leia a reportagem em PDF.

Revista CNT Transporte Atual 287 – nov-dez/2019

 

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