Ministro dos Transportes reclama dos juros e diz que é um “desafio” tornar as obras rentáveis

O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), disse nesta quarta-feira que os juros altos atrapalham a rentabilidade de obras estratégicas que estão sendo oferecidas à iniciativa privada ou viabilizadas com recursos das chamadas PPPs, as Parcerias Público-Privadas. Segundo o ministro, a “elevada” taxa Selic acaba por dificultar a competição com países desenvolvidos.

“O Brasil não é moleza. Não é simples você fazer um projeto que tem que rentabilizar acima da taxa de juros que a gente enfrenta quase que historicamente. O senhor [presidente Lula] tem sido um grande lutador para que a taxa de juros caia, mas tornar um projeto rentável com a taxa de juros que a gente enfrenta no Brasil é um desafio”, disse.

Na avaliação do ministro, obras estruturantes em países como o Japão, por exemplo, “se pagam” com apenas 2% ou 3% de rentabilidade, o que seria inviável no Brasil. “O mundo tem taxa de juros de 2%, 3%. Os países mais desenvolvidos já chegaram a ter taxa de juros negativa. Aqui no Brasil nossos projetos dão 10%, 12%, 15% de rentabilidade ao ano porque precisam superar a taxa de juros, que está em queda, mas ainda está em 13%”, argumentou o emedebista.

Apesar da reclamação do ministro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reforçou ontem, na ata de sua última reunião, a estratégia de manter o ritmo de cortes da Selic em 0,50 ponto percentual “nas próximas reuniões”.

Na quarta-feira da semana passada, o colegiado reduziu a taxa básica de juros (Selic) para 12,25% ao ano pela terceira vez seguida. Segundo o Copom, os seus integrantes “concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

Renan Filho falou sobre o assunto durante evento, no Palácio do Planalto, no qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a ordem de serviço da duplicação da BR-423, no trecho de 43,1 quilômetros entre as cidades pernambucanas de São Caetano e Lajedo.

A ordem de serviço da rodovia BR-423 é importante porque a estrada faz a ligação dos Estados de Pernambuco, Alagoas e Bahia, integrando as cidades de Garanhuns (PE), Ouro Branco (AL) e Paulo Afonso (BA). Todo o empreendimento está incluído no Novo PAC, e tem um investimento público previsto de R$ 554 milhões.

08/11/2023 – Valor Econômico