Metrô do DF contrata elaboração de plano diretor por R$ 5,26 milhões

O Metrô do Distrito Federal contratou duas empresas de consultoria ao custo de R$ 5,26 milhões para elaborar um novo plano diretor para o transporte na capital. O consórcio formado por Logit e Tecton terá 24 meses para apresentar o documento e uma pesquisa sobre a mobilidade urbana na capital.

O órgão diz ter economizado R$ 300 mil frente à estimativa da licitação, que era de R$ 5,56 milhões. O acordo corresponde a seis vezes o que foi pago à Logit e à Logitrans para preparar a licitação das bacias de ônibus, entre 2010 e 2011. O consórcio Logit-Logitrans foi contratado por US$ 476,8 mil (R$ 874,5 mil) em junho de 2010, quando o dólar valia R$ 1,834.

O presidente do Metrô, Marcelo Dourado, afirma que o valor é justificado pelo ineditismo do novo projeto. “Esse plano não existe em lugar nenhum. A área de abrangência não é circunscrita ao DF, está relacionada à Ride [Região Integrada de Desenvolvimento, criada em 2001 e que inclui 21 municípios de Goiás e Minas Gerais]. Você tem mais de 1,2 milhão de pessoas que moram fora e se dirigem diariamente a Brasília”, diz.

Segundo Dourado, a ideia é aproveitar linhas ferroviárias que já existem nessas direções para amplificar o transporte sobre trilhos.

A entrega do Plano Diretor de Transporte sobre Trilhos (PDTT), em 2017, deve coincidir com a conclusão prevista da expansão do Metrô em Samambaia, Ceilândia, Asa Sul e Asa Norte.

“Esses projetos em andamento são resultados do PDTU [Plano Diretor de Transporte Urbano]. Eram processos que estavam parados, com recursos alocados do governo federal. Já deveriam ter sido feitos. A novidade é uma rede integrada de VLTs, que também deve ser concluída no mesmo período”, declara Dourado.

Plano em reforma

O presidente do Metrô afirma que o PDTT pode “reformar” o plano elaborado há cinco anos, mas diz que este não é o objetivo principal do contrato. “São estudos de origem e de destino que vão definir todo o fluxo de mobilidade. É lógico que o PDTU pode servir de subsídio, mas o PDTT é um projeto inovador.”

Segundo Dourado, especialistas em mobilidade urbana apontam o modal ferroviário como o “futuro” do transporte público. “O mundo sinaliza de uma forma muito positiva a preferência pelo transporte de alta capacidade ferroviário, com metrôs e VLTs. A função do transporte rodoviário é alimentar esse sistema”.

O gestor diz acreditar que as investigações da CPI do Transporte na Câmara Legislativa e os questionamentos da Justiça sobre a licitação das bacias de ônibus, em 2010, não descredenciam a Logit, parte do consórcio que preparou a licitação. A empresa parceira no consórcio, Logitrans, é ligada ao advogado Sacha Reck, suspeito de direcionar a concorrência dando consultoria às empresas vencedoras – o que ele nega.

“A empresa [Logit] é extremamente respeitada no mercado, com base nos trabalhos que já foram feitos. Do ponto de vista técnico, não há questionamento. Existe um calendário de entrega dos produtos, um corpo de pesquisadores que é altamente qualificado. Estou despreocupado em relação à qualificação dessa empresa, e os requisitos da licitação foram preenchidos”, declarou Dourado.

Sem embaraço

O presidente da Logit, Wagner Colombini, afirmou ao G1 por telefone que não há qualquer constrangimento na assinatura do contrato, com base nas investigações do consórcio anterior. Segundo ele, o advogado Sacha Reck era vinculado à Logitrans e tinha “experiência neste ramo”.

“Eu entendo que não [há constrangimento] porque o Sacha é da Logitrans. É experiente e atua na área de transporte coletivo, na área de licitações. Tudo o que está sendo levantado [pelas investigações] é a atuação em outros locais. Não tivemos nenhuma atuação com o Sacha Reck no Paraná, em São Paulo, em outras áreas”, diz Colombini.

Segundo o ele, o contrato celebrado com o Metrô é bem mais caro que a consultoria prestada em 2010 porque o nível de detalhamento é diferente. O presidente da Logit diz que o novo documento vai envolver uma pesquisa de campo, domiciliar, com mais de 20 mil famílias.

“A consultoria de 2010 foi basicamente em cima de informações existentes, modelo existente. Era analisar o que era proposto pela secretaria. Agora, a gente vai fazer algo totalmente novo, mas o que já foi definido [na expansão do Metrô] não muda. A gente já considera como parte de uma rede comprometida”, afirma.

05/08/2015 05h50 – G1 DF – Mateus Rodrigues