Metrô de Salvador avança em ritmo acelerado

Em pouco mais de dois anos, linha 1 está concluída; linha 2, que seguirá até o aeroporto, será entregue no próximo ano e cidade terá 3º maior metrô do país

De uma obra que ficou anos parada e cujas estruturas a céu aberto pareciam um monumento ao descaso está surgindo em ritmo acelerado a terceira maior rede de metrô do Brasil (atrás apenas das de São Paulo e Rio de Janeiro) e que irá transformar de maneira profunda o caótico trânsito de Salvador.

O ritmo acelerado não é força de expressão. Da assinatura do contrato de concessão, em outubro de 2013, ao início das operações dos trens, durante a Copa do Mundo, em junho de 2014, foram apenas oito meses. Eram, então, quatro estações (Lapa, Campo da Pólvora, Brotas e Acesso Norte). Depois, foram entregues mais quatro (Retiro, Bom Juá, Bonocô e Pirajá, essa última no mês passado), finalizando o projeto inicial da linha 1, com 12 quilômetros.

Na linha 2, que começou do zero, a previsão é entregar o trecho entre o Acesso Norte e o Bairro da Paz neste ano. Uma das estações será no Aeroporto Internacional de Salvador – Deputado Luis Eduardo Magalhães em 2017. Serão ao todo 13 estações.

Há ainda a decisão de ampliar a linha 1 até Águas Claras, num trecho de 5,5km, cuja construção ainda precisa ser licitada. No final, serão 41 quilômetros de trilhos.

“Os efeitos no trânsito já são sentidos. Muitas pessoas estão migrando do carro e dos ônibus para o metrô, que é mais confortável e confiável. O passageiro sabe quando vai entrar no trem e quando vai chegar ao destino”, afirma Luis Valença, diretor-presidente da CCR Metrô Bahia. Atualmente, o metrô funciona de segunda a sexta-feira, das 5h30 às 22h, e aos sábados, das 5h30 às 14h30.Ohorário deverá ser ampliado em abril: das 5h30 à 0h, sete dias por semana.

O grupo CCR é, desde 2013, o responsável pela construção e operação do metrô de Salvador, projeto que foi iniciado em 1999 pela prefeitura do município e teve várias paralisações. Após muita negociação, ficou decidido que caberia ao governo do Estado dar continuidade ao projeto. O Executivo optou pelo modelo de PPP (Parceria Público Privada) e lançou nova licitação, vencida pela CCR.

“O modelo que adotamos para a concorrência contribui para a velocidade das obras. A empresa ganha com a operação do sistema. Comisso, é fundamental que entregue os serviços, e a CCR tem investido bastante para concluir tudo dentro do prazo”, afirma Eduardo Copello, presidente da CTB(Companhia de Transportes do Estado da Bahia).

Fundada em 1999, a CCR é uma das maiores companhias de infraestrutura da América Latina, com atuação na administração de rodovias, portos, aeroportos e sistemas de barcas no Brasil e no exterior. O grupo já contava com a experiência de administrar a Linha 4-Amarela, do metrô de São Paulo.

“Trouxemos para Salvador o modelo de sucesso já testado e aprovado pelos passageiros da linha 4. Tanto nas questões de engenharia quanto na operação, no controle da qualidade”, afirma Valença, um baiano que, antes de voltar para Salvador, era o presidente da ViaQuatro, responsável pela Linha 4-Amarela.

O investimento total será de R$4 bilhões, com participação de capital privado (CCR), do Governo Federal e Governo do Estado da Bahia. A concessão do serviço é de 30 anos. A empresa investiu capital próprio e buscou financiamentos no mercado e no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Quando tudo estiver concluído, serão 23 estações, com dez terminais integrados com ônibus, e capacidade de transportar 500 mil passageiros por dia.

14/01/2015 – Folha de S.Paulo
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