Hoje, empresa conta com 250 mulheres em um quadro de 1.090 empregados, trabalhando inclusive em funções predominantemente masculinas, como segurança e manutenção.
Há 36 anos, em 2 de março de 1985, aconteceu a cerimônia de inauguração da linha metroviária da Trensurb. Quem conduziu o trem na viagem inaugural foi Rubia de Barros, considerada a primeira mulher a operar um trem no Brasil. Na época, o quadro de empregados da Trensurb contava com cerca de 750 pessoas, sendo 129 mulheres. Hoje, são 250 – 23% de um total de 1.090 empregados –, 36 delas, operadoras de trem e supervisoras de tráfego – de um total de 147 pessoas no setor. Hoje, Rubia tem 66 anos e está aposentada. Seu pioneirismo em uma profissão tradicionalmente dominada por homens segue sendo motivo de orgulho. “Ter sido a primeira mulher a pilotar um trem foi algo muito importante para mim, porque acredito que ficou marcado na história da empresa e do Brasil”, afirma ela.
A Trensurb foi fundada em abril de 1980. Naquele ano, com o quadro funcional ainda em formação, eram nove empregadas mulheres. O número aumentou gradativamente até chegar aos 129 em 1985 e a 174 em 1989. Manteve-se próximo desse patamar até 2004, quando chegou a 198, e teve seu auge em 2014, com 280 empregadas. Hoje, as mulheres ocupam funções em praticamente todas as áreas, inclusive aquelas mais comumente associadas ao gênero masculino, como a manutenção e a segurança. Nos setores de manutenção da empresa, são 12 mulheres de um total de 187 empregados. Na segurança, são 15 de um total de 165 agentes e supervisores. Unidade organizacional mais numerosa da Trensurb, o Setor de Operações – no qual se inclui a segurança – é o que tem mais mulheres em números absolutos – 98 de 457 empregados. Nas áreas administrativas, são 93 mulheres de um total de 237 empregados. As funções em que elas são maioria são a de contador – nove mulheres e um homem –, técnico de contabilidade – sete mulheres e cinco homens – e técnico de administração – 22 mulheres e dez homens. Dentre as 46 funções de chefia e gerência, as mulheres ocupam nove.
Foi em agosto de 2010 que a Trensurb admitiu as duas primeiras mulheres para a segurança metroviária. Uma delas foi Vanessa Rossetto, que ingressou na empresa com apenas 20 anos e segue na Trensurb até hoje. Nesse período, conseguiu alcançar os objetivos de concluir a graduação e ter seu próprio apartamento. Ela foi também a primeira mulher a atuar na função de controladora de segurança da Trensurb – cargo de supervisão que ocupou por quatro anos –, além de participar de iniciativas internas da empresa em prol da igualdade de gênero e do combate à discriminação. “Posso dizer que a Trensurb me proporcionou grandes oportunidades e sou muito grata a isso”, afirma. Para Vanessa, “é muito importante a participação das mulheres em áreas ‘tipicamente masculinas’, porque mostra que nós, mulheres, somos tão capazes quanto os homens para realizar o serviço, além de trazer uma nova perspectiva na realização do trabalho”. Segundo ela, sua experiência na segurança “foi bem desafiadora e repleta de aprendizados, tanto de minha parte, como um primeiro emprego em uma área com só mais uma colega mulher em meio a muitos homens, quanto por parte dos colegas homens ao terem que dividir o ambiente de trabalho com mulheres e confiar que podemos ser tão capazes quanto um homem”.
Claudia Nogueira, 29 anos, é uma das 14 colegas de Vanessa na segurança metroviária. Graduada em design de moda e administração de empresas – e cursando pós-graduação em marketing digital – ela almeja conciliar o trabalho de segurança com uma atuação na área da moda. Na Trensurb desde 2017, Claudia diz que o ambiente na empresa “é muito acolhedor”. “Com os colegas com os quais trabalho, não vejo dificuldade por ser mulher, mas acredito sim que ainda existem barreiras a serem quebradas para que as mulheres ocupem cada vez mais esses cargos”, afirma. Ela destaca ainda que, no seu trabalho, a presença de mulheres não só é possível, mas fundamental em diversos casos: “A figura feminina é essencial na área de segurança, quando existem situações em que há a necessidade de realizar revista pessoal ou mesmo nos pertences das mulheres, a fim de evitar constrangimentos”.
Angélica de Oliveira, 31 anos, é engenheira civil e atua no Setor de Via Permanente da Trensurb. É uma das três engenheiras mulheres da empresa – no total, são 50 engenheiros de ambos os sexos. Em seu setor, há 22 empregados e três são mulheres. Angélica é responsável pela gestão do contrato de manutenção da via do metrô e atua na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes da empresa. “Entrei na empresa em 2017 e foi um ambiente bastante novo. Desde então tenho trabalhado com uma equipe predominantemente masculina e com muitos anos de experiência”, conta. Ela acredita que o fato de pelo menos uma outra engenheira já ter trabalhado anteriormente no setor “contribuiu para a recepção acolhedora e respeitosa dos colegas”. Angélica afirma que a equipe “sempre me tratou muito bem e não senti dificuldades com eles quanto a questões de gênero. Construímos neste tempo uma relação de confiança e respeito mútuo”.
26/03/2021 – Trensub