Mercado de cidades inteligentes deve chegar a R$ 90 bi em 2023

A divisão de cidades inteligentes da Panasonic, CityNow, iniciou a instalação em Denver, nos EUA, de um projeto piloto de transformação tecnológica de áreas urbanas. Denominado Peña Station Next, a proposta é construir uma comunidade autossuficiente, com o uso de tecnologias inteligentes.

O projeto, cujo prazo de implantação está estimado entre dez e 12 anos, prevê que em um terreno de 1,5 milhão de metros quadrados, estruturado em parceria com um empreendedor imobiliário, sejam implantadas áreas de uso misto com edifícios de escritórios, comércio de varejo e residências. Esse bairro piloto terá equipamentos, de lâmpadas a parquímetros, conectados à internet e equipados com sensores e câmeras que possam enviar, de forma contínua, informações aos administradores, que também serão capazes de controlá-los por aplicativos.

Todas as áreas de estacionamento no entorno das estações de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) serão cobertas por painéis fotovoltaicos, que produzirão energia solar suficiente para atender as necessidades da região.

Peruas robotizadas transportarão trabalhadores e moradores entre as paradas de VLT e seus locais de trabalho ou residências. Sensores de última geração e de grande abrangência monitorarão continuamente as condições ambientais, desde a movimentação das nuvens até o nível de materiais particulados no ar, a densidade do tráfego, a contagem e localização de pedestres.

Songdo, em região próxima a Seul, na Coreia do Sul, é exemplo interessante de projeto voltado para o conceito de “smart city” (cidade inteligente). Quase integralmente implantada, com 48 mil habitantes, a cidade é, provavelmente, a maior do mundo em número de sensores. Segundo os administradores, o grande desafio é converter a enorme quantidade de informações obtidas em algo útil para a administração das cidades e de seus moradores.

Os dispositivos de coleta de dados de Songdo monitoram eletronicamente tudo, desde o fluxo de tráfego até o auxílio na vigilância policial ou nas emergências com incêndios. É uma cidade sem caminhões ou latas de lixo. Os resíduos são sugados por tubos e levados a um sistema subterrâneo e automatizado de coleta, onde são classificados e reciclados ou, então, queimados como combustível.

Nas garagens subterrâneas em Songdo, os residentes são automaticamente alertados quando seus cônjuges ou parceiros chegam e estacionam os carros à noite. Um sistema de telepresença instalado nos apartamentos permite que as pessoas sejam examinadas por profissionais de saúde, como médico da família ou psicoterapeuta, sem a necessidade de sair de casa.

Avanços como a internet das coisas, em que os equipamentos urbanos comunicam-se entre si por meio da rede, tecnologia sofisticada de detecção de presença, banda larga de alta velocidade, modelos de análise de dados em grande escala e processos de automação convergem para melhorar a forma como as cidades usam energia elétrica, água e outros recursos.

Enquanto na Ásia e no Oriente Médio inicia-se o desenvolvimento de projetos para a construção de novas cidades inteiramente planejadas e inteligentes, na Europa os desafios são maiores, pois adaptar a infraestrutura existente para acomodar as novas tecnologias não é tarefa fácil, apesar de ainda factível.

O novo modo de gerenciar a vida nas cidades é tão atraente, que a empresa de tecnologia Navigant Research prevê que o mercado das cidades tecnologicamente inteligentes crescerá para US$ 27,5 bilhões (R$ 90,7 bilhões) em todo o mundo até 2023.

Essa onda de inovação que já começa a transformar áreas urbanas em todo o mundo, sem dúvida, criará novos desafios e oportunidades, principalmente para o setor imobiliário.

03/07/2017 – Folha de S.Paulo