Maria-fumaça entre Morretes e Antonina vira atração no Litoral

O Trem Caiçara, um trem de passageiro que circula pela ferrovia histórica que liga as duas cidades, entra em operação nesta sexta-feira (20). O projeto saiu do papel após a formalização de um protocolo de intenções entre o Governo do Estado e a empresa Rumo Logística para a revitalização da ligação férrea.

O Litoral paranaense está ganhando uma nova atração turística, que relembra a história das ferrovias do Estado. É o Trem Caiçara, um trem de passageiros que começa a circular nesta sexta-feira (20) entre os municípios de Antonina e Morretes. O principal atrativo do passeio é a Maria Fumaça Mogul 11, que foi fabricada em 1884 e é a mais antiga locomotiva a vapor em operação regular no Brasil.

O projeto, que ajuda a fomentar o turismo na região, saiu do papel após a formalização de um protocolo de intenções entre o Governo do Estado e a empresa Rumo Logística, no ano passado, para a revitalização da ligação férrea. A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), entidade sem fins lucrativos que promove a conservação do patrimônio histórico ferroviário brasileiro, é a responsável pela operação.

Com horários aos sábados e domingos, o passeio inclui um percurso de 16 quilômetros em meio à Mata Atlântica, cruzando áreas de rios e manguezais, além de propriedades rurais que margeiam a ferrovia entre os municípios.

Por causa pandemia, estão sendo tomadas todas as medidas de prevenção indicadas pelo governo e pela Organização Mundial da Saúde. As locomotivas circularão com metade da capacidade para respeitar o distanciamento social. Também não será permitido o embarque de passageiros sem máscaras.

SAÍDAS – Serão duas saídas por dia em cada uma das estações, às 9h30 e às 14h30 em Antonina e às 11h e às 16h em Morretes. O retorno ao ponto de partida se dá via transporte rodoviário, sendo possível a compra da passagem junto ao ingresso. Na alta temporada, de dezembro a janeiro, também haverá opções de viagens às sextas-feiras.

“É uma verdadeira oportunidade para pessoas de todas as idades conhecerem e reviverem os tempos áureos da ferrovia”, diz Rodrigo Dolenga, diretor da ABPF. “As últimas excursões que transportaram turistas usando a linha foram na década de 1990, e apenas em datas comemorativas”, destaca.

RESTAURO – Para viabilizar o projeto, a ABPF investiu mais de R$ 500 mil no restauro da maria-fumaça e R$ 200 mil nos carros de passageiros, que contam com 120 lugares cada um. Mais de R$ 700 mil foram destinados pela Rumo, responsável pela administração da ferrovia, para a revitalização do trecho, viabilizado após assinatura do protocolo de intenções com o Governo.

“Estamos felizes em fazer parte deste momento de resgate da memória ferroviária no estado do Paraná”, diz Guilherme Penin, diretor de Regulatório e Relações Institucionais da Rumo. “Essa parceria é importante para fomentar o turismo na região, assim como já temos feito com os trens de passageiros da Serra Verde. A comunidade poderá conhecer de perto duas importantes cidades do Litoral, dando um novo significado para um trecho que ainda tem muitas boas histórias para contar”.

HISTÓRIA– O trecho que terá circulação do Trem Caiçara faz parte da Estrada de Ferro Dona Isabel, criada pelos irmãos Rebouças, engenheiros que receberam autorização em 1871 para a construção de uma ferrovia ligando o Porto de Antonina à cidade de Curitiba.

Em 1875, o marco zero da via férrea foi transferido de Antonina para Paranaguá. O histórico ramal de Antonina foi aberto pela Estrada de Ferro Paraná em 1892, como mais uma opção para o desenvolvimento das cidades no escoamento de riquezas da região.

Nesse contexto, o Trem Caiçara evoca aos turistas o ano de 1892, quando ocorreu a inauguração da ferrovia Dona Isabel – obra de grande importância para o desenvolvimento de Antonina e Morretes. À frente do passeio está uma centenária locomotiva a vapor: a Mogul de número 11, fabricada no ano de 1884 pela Baldwin Locomotive Works.

A maria-fumaça foi a primeira adquirida pela Estrada de Ferro Paraná para operar na Ferrovia Paranaguá – Curitiba, sendo utilizada até o final da década de 1950. Em 1965, em comemoração aos 80 anos da ferrovia, foi escolhida para ser preservada, devido a seu número 11, em homenagem a 11ª divisão da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA).

21/11/2020 – Agência Paraná de Notícias