Projeções da ANPTrilhos incluem VLT, monotrilhos, trens e metrôs; crise econômica inibe maior crescimento da malha e demanda de passageiros
A rede de transporte de passageiros sobre trilhos no Brasil deve ganhar mais 219 quilômetros de malha nos próximos cinco anos. As projeções contemplam projetos já contratados ou em execução e incluem VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), monotrilhos, trens e metrôs. Para este ano, a previsão é que sejam inaugurados 29 quilômetros de linhas férreas. Os dados foram divulgados pela ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), em abril, e integram o Balanço do Setor Metroferroviário 2016. Caso se confirmem, até 2022, o Brasil terá quase 1.280 quilômetros de linhas.
Apesar da expectativa de expansão de 50,2 quilômetros no ano passado, apenas 21,7 quilômetros foram inaugurados – linha 2 do metrô de Salvador, VLT do Rio de Janeiro e linha 4 do metrô carioca. Um dos motivos que explicam o crescimento aquém do esperado foi a crise econômica, que atingiu não somente o acréscimo da malha ferroviária, mas também a demanda de passageiros – redução de 0,2% em comparação com 2015. Em 2016, foram transportados 2,91 bilhões de passageiros (o número contabiliza viagens individuais realizadas pelos usuários do transporte), totalizando 9,85 milhões de passageiros/dia.
De acordo com o presidente do conselho da ANPTrilhos, Joubert Flores, o difícil momento econômico não pode impedir a expansão das redes de transporte. “Entre 70% e 80% das viagens nos nossos sistemas ocorrem em função do trabalho. Quando você diminui o emprego, diminui o interesse de viagem. Mas isso não dura para sempre. Nós esperamos que a economia seja retomada e devemos estar preparados para atender à demanda que surgirá”, diz. Ele esclarece que, como esse tipo de projeto requer planejamento de longo prazo, deve permanecer na agenda das políticas de mobilidade do poder público. Isso porque, quando a economia voltar a crescer, a tendência é que isso impacte diretamente os sistemas de transporte.
O estudo Transporte e Desenvolvimento: Transporte Metroferroviário de Passageiros, desenvolvido pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), aponta que são necessários mais 850 quilômetros de linhas férreas para modernizar o transporte urbano nas grandes cidades, o que demandaria cerca de R$ 167,13 bilhões em investimentos.