Julio Freitas

Integrar os mais variados meios de transporte é uma tendência mundial que vem aumentando a eficiência no deslocamento dos cidadãos dos grandes centros urbanos. Integrar carros, bicicletas (e até patinetes) ao transporte público coletivo – ônibus, metrô e trem – é uma das novas formas de mobilidade sustentável. O conceito vem ganhando força nas grandes metrópoles com a crescente adesão da população ao transporte por aplicativos e aos serviços de bicicletas compartilhadas, por exemplo. Dessa maneira, é potencializada a mobilidade urbana com a consequente redução do uso de carros particulares pelas vias da cidade e, consequentemente, redução de engarrafamentos, tempo de viagem e emissões de poluentes.

De acordo com a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), o sistema sobre trilhos de passageiros no Brasil é responsável pela retirada de 1,1 milhão de carros e mais de 16 mil ônibus por dia dos centros urbanos onde há linhas metroviárias. Pesquisa realizada recentemente pela CCR Metrô Bahia indica que mais de 7% dos passageiros atuais do metrô vieram do transporte individual (carro ou moto).

Um serviço público de qualidade com boas opções de integração atrai indivíduos para o transporte coletivo. O transporte sobre trilhos é, sem dúvida, o transporte que mais agrega qualidade aos serviços de mobilidade, mas prescinde de outros modais para garantir o deslocamento eficaz dos usuários. Neste sentido, o planejamento integrado dos meios de transporte é essencial para a mobilidade sustentável e deve incorporar, cada vez mais, as novas formas de se deslocar.

Seguindo uma tendência mundial, cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que já possuem sistema metroviário há mais tempo, tem verificado um crescimento da integração do modal com viagens de táxis ou de aplicativos de transporte. Os usuários estão verificando as vantagens de deixar seus carros em casa e utilizar táxis ou aplicativos para viagens com origem ou destino a uma estação metroviária para poupar tempo e dinheiro. O crescimento significativo desse tipo de demanda vem justificando a criação e a chegada de novos apps de transporte no país.

Em Salvador, este processo de mudança já pode ser notado. Com frequência, usuários têm se utilizado de táxis, carros de aplicativos ou até “caronas” para chegar ou sair das estações de metrô. Em grande parte das estações metroviárias há bolsões de táxis, mototáxis e carros aguardando o desembarque dos usuários.

Por outro lado, a microacessibilidade, que está diretamente relacionada a um sistema de transporte eficiente, é um dos maiores desafios para a cidade de Salvador e Região Metropolitana e deve ser priorizada pelos órgãos de gestão do transporte da região. A segurança e o conforto dos usuários, essenciais à boa avaliação do serviço de transporte, pode determinar a escolha pelo transporte individual em detrimento das opções oferecidas pelo transporte público integrado.

A integração tarifária que já acontece na capital baiana compreende os usos de metrô e ônibus com a utilização dos cartões de integração CCR Metrô Bahia, SalvadorCARD e Metropasse. Com ela, o usuário tem o benefício de pagar apenas uma tarifa no uso integrado dos modais, em um determinado intervalo de tempo. Isso é possível devido à interoperabilidade dos sistemas de bilhetagem eletrônica, que dialogam entre si. Não obstante os consideráveis avanços na mobilidade de Salvador ocorridos nos últimos anos, pode-se esperar que a integração tarifária, hoje restrita apenas aos modais ônibus e metrô, possa se estender rapidamente aos demais modos de transporte seguindo a tendência mundial. Intermodalidade, tecnologia e interoperabilidade a favor dos usuários e da mobilidade na Bahia.

Julio Freitas é gestor de Arrecadação da CCR Metrô Bahia

30/01/2019 – Correio 24 Horas