O Governo de São Paulo acertou ao vetar a reserva de vagões exclusivos para mulheres no transporte de massa, feito por trens e metrô. Na visão dos operadores metroferroviários, não há como fazer esta reserva de vagões sem prejudicar todo o sistema de transporte, em especial, nos horários de maior movimento. A entidade faz coro aos grupos feministas que afirmam que a medida criaria segregação e não influenciaria no combate ao assédio no transporte público. A política de utilização de vagões exclusivos para mulheres já foi adotada em outras cidades, como no Rio de Janeiro: os dados existentes apontam a ineficiência da medida para tratar o problema.
A ANPTrilhos, diz a superintendente Roberta Marchesi, reconhece a existência do problema de assédio nos meios de transporte e se posiciona firmemente a favor da proteção às mulheres. “Os operadores metroferroviários sempre trabalharam para dignificar a utilização dos sistemas, buscando minimizar as ações dos agressores. Segregar as mulheres que utilizam diariamente os trens e metrô da capital paulista, dando a elas uma ilusória sensação de “proteção” contra os assediadores, promove uma limitação injusta, fazendo aceitar o entendimento de que aquelas que não utilizam o vagão exclusivo podem estar sujeitas à agressão”, argumenta Roberta Marchesi.
Segundo a executiva da ANPTrilhos, não há como garantir o embarque de mais de 3 milhões de mulheres em vagões específicos, especialmente nos horários de pico. “Como fazer com que esses 3 milhões de mulheres não se acumulem nas estações e seus entornos aguardando uma vaga em um dos carros femininos? Como garantir a fluidez do transporte numa situação como esta?”, questiona.
Tecnicamente, a proposta dos vagões exclusivos aprovada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Projeto de Lei nº 175/2013) cria um problema para a operacionalização do sistema metroferroviário do Estado. Atualmente, mais de 6,8 milhões de pessoas circulam diariamente nos trens e metrôs paulistas, sendo mais de 50% mulheres.