Governo de SP prevê trem expresso entre Luz e Cumbica a partir de 2018

Se os prazos estabelecidos pela CPTM e pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) forem cumpridos, em abril do ano que vem estreará um trem expresso entre o centro de São Paulo e o aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos. A viagem, a partir do histórico terminal da Luz, vai durar cerca de 35 minutos.

Não é a primeira previsão. Desde 2002 existe a promessa de governos tucanos para a criação de uma viagem expressa sobre trilhos no trecho. Quem chegar à estação Aeroporto, porém, ainda terá que caminhar para acessar uma passarela coberta e pegar um ônibus da concessionária que gerencia Cumbica. Aí sim, com mais cerca de dez minutos, chegará ao terminal de embarque mais próximo.

O serviço de ônibus para os passageiros que desembarcarem do trem ficará a aproximadamente 500 metros do terminal 1 e a 2,5 quilômetros do terminal 3 de Cumbica. O expresso deverá ter quatro partidas diárias em cada sentido, em horários estratégicos para os voos. Mas não será a única opção para chegar de trem ao aeroporto.

O usuário também poderá utilizar o serviço convencional da CPTM. Ambos terão os trilhos da futura linha 13-jade como rota até Cumbica. As principais diferenças serão:

1) no tempo de viagem. O serviço convencional a partir da Luz, com paradas nas estações, deve levar ao menos 52 minutos, sem contar ainda o tempo no deslocamento a pé para fazer duas baldeações;

2) no preço da passagem. A viagem com o expresso deve custar entre R$ 5 e R$ 10, o que ainda está em estudo, enquanto o convencional terá como base a tarifa simples do transporte, hoje de R$ 3,80.

Na estação da Luz, diz a CPTM, devem ser instalados guichês das principais companhias aéreas do país. A estatal diz estar em reta final de negociação com Latam e Gol. Caso avance, os passageiros poderão fazer check-in e imprimir as etiquetas de suas bagagens –por questões de segurança, não será possível despachar as malas diretamente na estação da Luz.

A CPTM planeja ainda construir um elevador numa das torres da Luz, para facilitar o acesso dos passageiros, com suas bagagens, à plataforma de embarque do trem. A abertura do elevador, no entanto, depende da liberação do conselho responsável pelo patrimônio histórico, já que o prédio é tombado.

TESTES

A ligação da linha 13-jade com o restante da malha da CPTM será por meio da estação Engenheiro Goulart (em Cangaíba, na zona leste), da linha 12-safira, que liga o Brás ao município vizinho de Poá. Como parte do serviço convencional da CPTM, o passageiro também terá a opção de pegar um trem diretamente do Brás até Cumbica, com paradas, mas sem baldeação.

O plano da gestão Alckmin é que as obras da linha 13-jade fiquem prontas até abril de 2018, quando o ramal será inaugurado ainda em fase de testes. A operação comercial deve ser iniciada em julho. Diversas linhas da rede de metrô tiveram os prazos descumpridos por governos tucanos nas últimas décadas. A corrida é para que a inauguração do trem para Cumbica coincida com os últimos dias de Alckmin no governo.

Para disputar as eleições de outubro, o tucano precisa deixar o cargo seis meses antes. No momento, ele trava uma disputa interna pela candidatura com o prefeito de SP, João Doria (PSDB).

PROMESSAS

A conexão expressa do aeroporto de Guarulhos com o centro de São Paulo é uma antiga promessa dos tucanos. A meta inicial, no primeiro governo Alckmin, era entregá-la até 2005. Já em 2007, sob José Serra (PSDB), o projeto foi retomado com a promessa de entrega para 2010. Um ano antes do prazo, o projeto ganhou nova data: a Copa de 2014 –nenhuma empresa manifestou interesse na obra.

Em 2011, de novo com Alckmin, o plano de um trem expresso passou por remodelagem. A ideia foi transformada na criação de nova linha da CPTM conectada a outra já existente na zona leste. Desde então, os prazos foram seguidamente prorrogados.

Para cumprir o serviço expresso, a CPTM terá que contornar as constantes falhas operacionais em suas linhas, já que o trajeto para Cumbica também utilizará em parte os trilhos e a estrutura das linhas 11-coral e 12-safira. No último mês, por exemplo, o furto de cabos de energia provocou lentidão e atrasos nas linhas 11 e 12, que servirão de base para o expresso.

Outra promessa de Alckmin para o transporte público é ligar o aeroporto de Congonhas ao bairro do Morumbi (zona oeste), por meio de um monotrilho, que deveria ter ficado pronto em 2014. O contrato da chamada linha 17-ouro, porém, chegou a ser rompido pelo governo do Estado, depois do abandono das obras pelas empreiteiras. A promessa atual é de que o ramal seja entregue somente no final de 2019.

20/09/2017 – Folha de S.Paulo

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