Para concretizar a antiga promessa de estender a linha 2-verde do metrô até Guarulhos (Grande São Paulo), a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) estuda conceder esse ramal à iniciativa privada.
A proposta de viabilizar a expansão da linha –da Vila Prudente à Dutra, com 14 km e 13 novas estações– dessa forma foi incluída em apresentação da direção da companhia obtida pela Folha.
Ela é confirmada por Clodoaldo Pelissioni, secretário de Transportes Metropolitanos. “Acertando as linhas 6-laranja e 17-ouro, além da linha 18-bronze, a linha 2 tem projeto pronto, algumas desapropriações já executadas. Então acho que pode ser.”
Com licença ambiental emitida desde 2012 e contratos assinados desde setembro de 2014, as obras de expansão da linha 2-verde rumo à zona leste têm sido adiadas desde 2015. Em janeiro deste ano, a gestão tucana postergou para dezembro a fase inicial dos trabalhos.
“Nossa prioridade é concluir aquilo que já começamos. É um investimento grande, só de obras são mais de R$ 6 bilhões”, diz Pelissioni.
A aposta de viabilizar a obra por meio de parceria privada se repete em outras linhas do metrô de São Paulo –apesar de alguns tropeços.
Atualmente, a gestão Alckmin concentra seus esforços na entrega das obras de expansão da linha 5-lilás, que hoje funciona entre Capão Redondo e Adolfo Pinheiro, na zona sul paulistana.
Segundo a promessa mais recente, nove estações serão entregues no segundo semestre de 2017, inclusive a conexão com a linha 1-azul do metrô, em Santa Cruz.
As obras da linha 5 foram de responsabilidade do Estado, mas sua operação ficará a cargo da iniciativa privada –a exemplo do que já acontece na linha 4-amarela.
O edital de licitação para essa iniciativa deve ser publicado pelo governo no mês que vem, e incluirá, além da operação de toda a linha 5, também a do monotrilho da linha 17-ouro –outra obra que sofre com atrasos.
Trata-se do primeiro pacote de concessões na área de mobilidade urbana no Estado. No ano passado, seis empresas manifestaram interesse pelo negócio.
Em cenário de crise e com corte de gastos, a gestão Alckmin prefere agora priorizar concessões que incluam tanto a operação quanto as obras dos ramais metroviários.
Esse modelo, contudo, também tem problemas, como mostra a experiência da linha 6-laranja, com construção e operação privada.
Diante da dificuldade da concessionária Move São Paulo de obter empréstimos, as obras estão paralisadas, e a promessa de entregar esse ramal –entre as estações Brasilândia, na zona norte, e São Joaquim, no centro– em 2020 está cada vez mais distante.
OPERAÇÕES PRIVADAS
A análise da concessão da linha 2-verde é a mais recente iniciativa do governo Alckmin no plano de privatizar a operação da rede de metrô.
Incluindo esse ramal, há estudos em andamento para 7 das 9 linhas existentes ou planejadas para os próximos anos. Assim, mais de 75% da extensão de metrôs e monotrilhos ficariam a cargo da iniciativa privada.
Além de conceder em conjunto as linhas 5-lilás e 17-ouro, a gestão tucana também promoverá a concessão da linha 15-prata (monotrilho da zona leste), um projeto antecipado pela Folha. Outro plano é a PPP (parceria público-privada) do monotrilho da linha 18-bronze, que fará a ligação com a região do ABC.
A linha 4-amarela (Butantã-Luz) foi a primeira a ser operada nesse modelo de parceria, e haverá ainda os serviços da linha 6-laranja.
Para organizar os diversos grupos que atuarão no setor, a pasta de Transportes Metropolitanos pretende criar uma agência reguladora –para padronizar a qualidade das linhas e definir critérios técnicos para a alta das tarifas.