A empresa responsável pelos estudos deverá avaliar a retirada de circulação de todos os ônibus que trafegam na W3
O Governo do Distrito Federal (GDF) divulgou, nesta quarta-feira (23/1), o edital de chamamento de manifestação de interesse para a implantação de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na via W3. O comunicado foi publicado no Diário Oficial do DF. Neste primeiro momento, a Secretaria de Transporte e Mobilidade solicita a apresentação de projetos, estudos, levantamentos ou investigações para a construção do novo modal.
O objetivo do governo é firmar uma parceria público-privada (PPP) para viabilizar o empreendimento. O projeto deve levar em conta um sistema de transporte que ligue os terminais da Asa Sul e da Asa Norte, passe pela W3 e chegue até o Aeroporto Internacional de Brasília.
No total, serão 22 quilômetros de linha com alimentação elétrica – podendo ser utilizadas outras tecnologias. A empresa responsável pelos estudos deverá avaliar a retirada de circulação de todos os ônibus que trafegam na W3. Além disso, prever um sistema de circulação para bicicletas e pedestres entras as quadras 600 e 900.
De acordo com o edital, a operação e a manutenção do VLT serão feitas por uma concessionária privada. “As pessoas jurídicas que pretendam apresentar projetos, estudos, levantamentos ou investigações, deverão entregar requerimento junto à Semob, no prazo de até 15 dias úteis a partir da data da publicação deste edital”. Depois dessa data, elas precisarão apresentar suas propostas em até 120 dias corridos.
As empresas devem ter qualificação completa, com documentos que comprovem sua regularidade fiscal e trabalhista. Além disso, é necessário demonstrar experiência na realização de projetos de PPPs e de VLTs.
Trilhos para outros destinos
A partir do fim de janeiro, o trem que ligará Brasília a Valparaíso (GO) funcionará em caráter experimental por 30 dias. Logo após esse período, o VLT passará a operar em fase de testes durante seis meses, quando os passageiros poderão conhecer o trajeto e o novo tipo de transporte.
A estreia do novo trajeto só foi possível graças à linha férrea já existente, hoje exclusiva para o transporte de cargas e que será adaptada para a condução de passageiros. Com 18 metros de comprimento por vagão, as três unidades terão capacidade para transportar até 600 pessoas por viagem. Internamente, há cadeiras fixas, alças de teto e ambiente climatizado. Embora consiga alcançar velocidade de até 76km/h, cada deslocamento não deve durar menos de uma hora e meia para transpor os 45km de trilhos que separam Brasília e Valparaíso.
O projeto do GDF também prevê a construção de um VLT ligando a Avenida Hélio Prates ao Eixo Monumental. As informações estão contidas no Relatório do Governo de Transição 2019-2022, produzido pela equipe do governador Ibaneis Rocha (MDB) nos dois meses que sucederam as eleições.
No planejamento da equipe emedebista, há previsão de compra de 30 carros para transportar os usuários do sistema pelos 22 quilômetros que separam as duas regiões administrativas. O prazo para a execução das obras é de dois a quatro anos.
Moradores do Recanto das Emas também devem ficar atentos aos planos de Ibaneis para a mobilidade. O mesmo relatório sugere a construção de um VLT entre o Recanto das Emas e Taguatinga.
Nesse caso, para vencer os cerca de 15 quilômetros, o Governo do Distrito Federal (GDF) prevê a compra de 22 carros do VLT. O empreendimento ficaria pronto, no máximo, até 2023, segundo as projeções.
A proposta do grupo do primeiro escalão do novo governo é ressuscitar o VLT que liga o Aeroporto Juscelino Kubitschek à W3 Sul e à W3 Norte.
Informações sobre traçado e valor das obras dos três projetos do VLT serão conhecidas ao longo da execução, pois o relatório não prevê o custo das intervenções nem de onde viriam os recursos.
Promessas antigas
O projeto de Ibaneis para levar o VLT do Aeroporto JK à W3 Sul não é novo. Em 2012, a obra chegou a ser anunciada como uma das principais intervenções para a Copa do Mundo realizada em 2014, mas, após inúmeros questionamentos da Justiça e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), acabou retirada da Matriz de Responsabilidades do Mundial.
Somente o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pediu cinco vezes a anulação do contrato. O órgão reconheceu indícios de que um estudo de impacto ambiental não havia sido realizado, pois as obras previam a derrubada de árvores na W3.
Um ano antes, o então governador, Agnelo Queiroz (PT), chegou a anunciar que haveria nova licitação, mas o certame não avançou. O VLT foi orçado em R$ 1,5 bilhão, com percurso que ligaria o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek ao final da Asa Norte, em um trajeto de 22,6 quilômetros e 25 estações.
23/01/2019 – Metrópoles