Segundo edição do Fórum de Mobilidade, promovido pela ANPTrilhos, discutiu os caminhos para a evolução do setor
Construir um plano estratégico de mobilidade urbana que possa prospectar uma carteira de investimentos que contribua para a mobilidade urbana, bem como tornar o governo federal em um agente de mudanças do sistema público de transporte. Essas e outras propostas serviram de pano de fundo para o 2º Fórum de Mobilidade, promovido, nessa quarta-feira (24), em Brasília (DF), pela ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos).
Na abertura do evento, o presidente da CNT, Vander Costa, destacou que o momento é oportuno para o debate. “Após a pandemia, estamos voltando as discussões sobre os caminhos dessa transição do setor. A mobilidade urbana é um direito constitucional e, por isso, precisa ser financiada. Para isso, é necessária uma mudança de cultura, além de enxergarmos que é preciso distinguir tarifa pública de tarifa remunerada pelo operador. Mas, sem investimentos e previsibilidade, não temos como rediscutir a mobilidade e sabermos aonde queremos chegar”, afirmou.
Na avaliação do presidente da ANPTrilhos, Joubert Flores, o Brasil é muito urbanizado e é necessário adequá-lo às redes metroferroviárias. “A associação foi fundada para mostrar a importância do modal como um agente estruturador da mobilidade. Para isso, é necessário um planejamento estruturado que atinja a população que possui necessidade de utilizar o modal. Mas precisamos que ele seja custeado, além de investimentos para expandirmos o transporte metroferroviário, que é de natureza social, previsto na Constituição”, disse.
Para o ministro das Cidades, Jader Filho, o governo já atua, se preocupa e compreende a importância do tema. “Passamos por um momento difícil. Temos que debater de forma abrangente o nosso modelo atual que passa por um momento crítico. E o Ministério das Cidades pretende discutir políticas públicas com estados, municípios e a iniciativa privada. É preciso uma solução conjunta, que não é simples, e nem barata, mas que é necessária. Necessitamos de alternativas para alcançarmos uma rede única de transporte, com diferentes funções e modos de financiamento.”
Pelo Sistema Transporte, também estiveram presentes, no evento, a diretora executiva adjunta da CNT, Fernanda Rezende; o chefe de gabinete da Presidência da CNT, Matheus Jasper; a diretora executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart; e a diretora adjunta do ITL, Eliana Costa.
Desafios
Entre as questões centrais que afligem o setor de metroferroviário de passageiros, atualmente, estão: a falta de um marco regulatório do transporte público urbano e interregional; uma governança assertiva e sem interferência nas decisões técnicas; a insistência em se implantar linhas de transporte sobre pneus em corredores onde se faz necessário o transporte sobre trilhos; além da baixa integração entre as linhas de transporte dos vários modais e a falta de integração tarifária – bilhete único – em várias operações.
No painel Desenvolvimento do Transporte Metroferroviário Urbano, os temas gravitaram ao redor da importância do transporte sobre trilhos para a mobilidade, os desafios a serem enfrentados e a necessidade de reestruturação do marco regulatório, além da adoção de uma nova política de financiamento do transporte público.
Para o secretário nacional de mobilidade urbana do ministério das cidades, Denis Eduardo Andia, é preciso compreender como as empresas podem a médio prazo se qualificar em todos os sentidos, desde a infraestrutura até as operações. “Temos um compromisso com essas questões, além da continuação dos investimentos em sistemas de trilhos que já estão em operação. A carteira disponível está sendo analisada, como o VLT da baixada santista, em São Paulo, e o metrô de Fortaleza (CE).”
Já a diretora executiva da ANPTrilhos, Roberta Marchesi, cita que os problemas da mobilidade continuam se agravando. “Isso é consequência da escassez de investimentos e das escolhas imediatas dos governantes. Hoje, experimentamos o maior tempo para deslocamento diário no país, o que impacta na competitividade e no bem-estar da população”, declarou.
24/05/2023 – Agência CNT Transporte Atual