O Governo do Estado está trabalhando a possibilidade de encurtar a obra da Linha Leste do Metrô de Fortaleza para viabilizar os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Eu ainda não tenho uma definição. A gente se reuniu essa semana com o BNDES e demos uma enxugada no projeto. A gente colocou a obra até o Papicu e não mais até o Edson Queiroz. Nós também vamos diminuir o número de estações até o trecho do Papicu”, acrescentou o titular da Secretaria da Infraestrutura (Seinfra) do Estado, Lúcio Gomes.
De acordo com ele, houve também redução dos valores dos empréstimos de R$ 2 bilhões para R$ 1,85 bilhão. “Desse total, R$ 500 milhões viriam do Ministério das Cidades”, disse o secretário. Segundo Lúcio Gomes, haverá em 15 dias outra rodada de negociação com o BNDES. “Daqui para lá, eles vão pedir mais alguma informação. Tem a possibilidade ainda dessa conversa ser em Fortaleza e não no Rio de Janeiro ou em Brasília, o que demonstra uma boa vontade da parte deles”, afirmou.
O projeto da obra da Linha Leste já sofreu algumas alterações com o intuito de obter os recursos do governo federal. “Apresentamos uma proposta de um material rodante mais simples e consequentemente mais barato. Houve neste caso simplificação da obra, no caso dos trens e dos sistemas de eletrificação para ver se melhora a equação de custo-benefício”, disse Gomes.
Não é de agora que o Governo do Ceará tem apresentado propostas mais simples ao governo federal. Em julho deste ano, por exemplo, em reunião realizada em Brasília, o governador Camilo Santana propôs mudar o fluxo e parcelar a entrada de recursos para dar continuidade às obras. A alteração foi apresentada ao presidente do BNDES, Paulo Rabello, e a representantes do Ministério das Cidades.
Parceria
O titular da Seinfra também não descartou do projeto a existência de uma Parceria Público-Privada (PPP) para a realização do empreendimento.
“Não excluímos a intenção da PPP, mas isso vai ser para o restante da obra. Inclusive tem um grande grupo chinês, CRRC (China Railway Rolling Stock Corporation), interessado nisso, mas antes eu tenho que definir essa etapa que vai do Centro até o Papicu”, esclareceu Gomes.
A China Railway Rolling Stock Corporation (CRRC) mostrou interesse em diferentes trechos do Metrofor. A informação, confirmada no início deste ano, fez com que o governo estadual iniciasse estudos para a publicação de editais visando a formatação das parcerias.
Projetos em andamento
Apesar da paralisação das obras da Linha Leste do Metrô de Fortaleza, os projetos de arquitetura e de engenharia continuam sendo tocados pelo Governo do Estado. Nesta semana, representante da companhia cearense esteve em São Paulo para tratar com a Themag Engenharia sobre o acompanhamento de ações relativas a estes projetos.
“A Themag é a empresa responsável por todos os projetos executivos de todas as estações e túneis da Linha Leste, tendo sido contratada pelo Consórcio para esta finalidade. Paralelamente aos esforços do Governo do Ceará para a liberação dos recursos, o Metrofor verifica e discute os projetos de engenharia e arquitetura que serão executados, sendo esta uma atividade de rotina”, informou o Metrofor.
Paralisadas
As obras da Linha Leste do Metrô de Fortaleza, ligando o Centro da Capital ao bairro Edson Queiroz, foram iniciadas em novembro de 2013, mas paralisadas no início de 2015 devido à reformulação societária articulada pelo consórcio Cetenco-Acciona, que executava os trabalhos.
“O consórcio foi reformulado e teve a denominação e a composição alteradas para Consórcio Metrô Linha Leste Fortaleza, formado pelas empresas Acciona Infraestructuras S/A e Construtora Marquise S/A, que passou a ser a líder do consórcio. Para retomar a obra, o Governo do Estado tem trabalhado intensamente junto ao Governo Federal para que este libere os recursos garantidos. O novo cronograma só poderá ser restabelecido quando do reinício da obra”, comunicou a companhia de transportes metropolitanos.
Cautela
O titular da Seinfra afirmou ainda que o momento agora é de cautela, embora afirme manter o otimismo em relação ao empreendimento. “Eu sinto uma certa cautela pelo histórico do projeto, mas eu não posso deixar de ser determinado e otimista”, enfatizou Gomes.
O secretário também explicou que sempre houve interesse do BNDES em investir recursos no Metrô de Fortaleza. No entanto, com a crise econômica vivenciada pelo País, o Banco tomou uma posição mais prudente em relação aos seus investimentos.