A Estrada de Ferro Vitória-Minas, que foi escolhida como uma das mais seguras do país, voltou a transportar passageiros nesta semana após um hiato de três semanas devido à pandemia da Covid-19.
Os passageiros voltaram a ser transportados entre Belo Horizonte e Cariacica (ES) na última segunda-feira (12), depois que medidas restritivas por conta do novo coronavírus adotadas no Espírito Santo resultaram na paralisação do trem.
Entre as medidas estava a suspensão do transporte interestadual, o que acarretou também a interrupção da viagem nos trechos da ferrovia em Minas Gerais. A estrada de ferro é operada pela Vale.
Não foi a primeira vez que a ferrovia teve o transporte de passageiros interrompido por conta da pandemia. Em março do ano passado, todas as operações ferroviárias no país foram suspensas, fenômeno que não ocorreu com intensidade nem mesmo durante a Segunda Guerra (1939-1945) ou após a quebra da Bolsa de Nova York (1929). Só os trens urbanos seguiram em funcionamento.
A Vitória-Minas, que paralisou o trem em 24 de março, retomou as atividades em 1º de setembro, com a adoção de uma série de medidas para tentar conter a Covid-19, que também seguem sendo adotadas nessa nova retomada do funcionamento.
A redução de passageiros, limitada a 50% da capacidade dos vagões, o embarque nas estações do trecho apenas de quem portar passagem (não haverá venda a bordo), a sinalização das poltronas liberadas para uso, álcool em gel no trem e nas estações e a aferição de temperatura fazem parte do protocolo previsto pela concessionária para a operação do trem de passageiros.
Também não haverá venda de passagens para o mesmo dia da viagem e a circulação dentro do trem foi restringida ao carro correspondente à poltrona adquirida. O carro restaurante também não funcionará e o atendimento de pedidos será feito diretamente nas poltronas.
O trem entre Espírito Santo e Minas Gerais percorre diariamente 664 quilômetros de trilhos, em viagem que dura 13 horas.
No trajeto entre os dois estados, percorre margens do rio Doce e passa por trechos de mata atlântica no Espírito Santo e montanhas em Minas. E para em 28 estações na rota.
Os únicos dois trens de passageiros regulares no Brasil são operados pela Vale, justamente o da EFVM (Estrada de Ferro Vitória-Minas) e o da Estrada de Ferro Carajás –que percorre os trilhos entre São Luís e Parauapebas (PA).
As duas ferrovias foram consideradas as mais seguras do país em 2020, segundo anuário estatístico da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).
O órgão compara taxas de acidentes por quilômetro rodado e, quanto menor, mais segura é a ferrovia. A Vitória-Minas atingiu 1,16, enquanto a Carajás, segunda colocada, alcançou 1,59. São os indicadores mais baixos já registrados pela ANTT.
As duas ferrovias, juntas, transportam 59% da carga que circula nas ferrovias brasileiras.
Segundo a Vale, foram investidos R$ 123 milhões em obras e projetos de segurança ferroviária Estrada de Ferro Vitória a Minas no ano passado.
A Carajás foi inaugurada em 1985 e percorre 870 quilômetros de trilhos, passando por 25 povoados e municípios.
15/04/2021 – Folha de S. Paulo / Blog Sobre Trilhos