Desigualdade social e mobilidade para as pessoas

A mobilidade para pessoas, que inclui mobilidade corporativa, inclusiva, pessoal, também está relacionada ao espaço na rua, trânsito, poluição e, fundamentalmente, com a saúde das pessoas. E, sem dúvida, o  tema é um dos grandes desafios para o Brasil, principalmente quando se fala do transporte coletivo nas grandes cidades que, apesar de garantido na Constituição Federal como um direito social, serve para reproduzir e manter as desigualdades sociais.

Dados do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), gerados a partir do aplicativo MoveCidade (coletados entre 01/09/2017 e 31/08/2018), apontam que o transporte público na periferia é pior avaliado do que no centro nas capitais: Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. De acordo com as avaliações de mais 3 mil passageiros dessas três capitais, as linhas de transporte que se concentram nas áreas centrais são melhor avaliadas quando comparadas com as mais periféricas, como ocorre na relação entre as linhas de metrô e de trens.

Acompanhe o comparativo, no Rio de Janeiro e em São Paulo, que apresenta médias das notas dos metrôs bem superiores do que as de trens:

 

Fonte: IDEC

Os dados mostram o mesmo problema nas linhas de ônibus das três capitais, onde os sistemas intermunicipais, que transportam os usuários que moram mais distantes dos centros, têm pior avaliação quando comparado com os sistemas municipais, com exceção a rede de ônibus do Rio.

 

Fonte: IDEC

“Esta constatação é grave e demonstra que os governos tratam os sistemas sem a padronização e qualidade necessária. Para o usuário, o sistema deveria ser integrado e ter a mesma qualidade, mas infelizmente fica claro para ele a diferença de atenção que cada sistema recebe”, explica o pesquisador em Mobilidade Urbana do Idec, Rafael Calabria.

O aplicativo MoveCidade, criado pelo Idec, em parceria com o Instituto Clima e Sociedade (iCS) e o Laboratório de Exeprimentação Digital (LED), permite que usuários de transporte público avaliem pelo celular a qualidade de diversos quesitos dos ônibus, trens, metrôs e estações de bicicleta compartilhada.

Estudo Expert Market

O Brasil possui 4 cidades com os piores sistemas de transporte público do mundo, conforme um levantamento do instituto de pesquisa americano Expert Market, que segue a coleta de dados em 74 principais centros urbanos do mundo. O estudo apontou Brasília no 68º lugar; Salvador (70º); São Paulo (72º); e Rio de Janeiro (74º).

O levantamento considera: tempo de viagem, espera para pegar o transporte, distância total e o custo mensal do transporte relacionado  à media do salário da população.

A idealizadora do Connected Smart Mobility e diretora executiva da Sator, Paula Faria,  destaca que os problemas nos transportes refletem de forma decisiva na qualidade de vida da população. “Problemas relacionados à mobilidade urbana têm impacto direito na qualidade de vidas das pessoas, sendo necessário e urgente a criação de uma agenda intersetorial entre os agentes públicos e privados com o objetivo de discutir o tema, tendo como objetivo principal a melhoria dos serviços e implementação de novas formas para a população se locomover, além da modernização e ampliação dos sistemas atuais”, disse.

O tema Mobilidade para as Pessoas é um dos destaques do Connected Smart Mobility, evento que acontece paralelo ao Conncected Smart Cities, em São Paulo, nos dias 17 e 18 de setembro de 2019.

27/06/2019 – Connected Smart Mobility