Da CCR para o Metrô BH

A recém-formada diretoria do Metrô BH, que passou a se chamar assim depois que a CBTU-BH foi desestatizada e o Grupo Comporte assumiu a operação, conta com executivos conhecidos do mercado ferroviário. Guilherme Bastos, que ocupa a cadeira de CEO do Metrô BH, foi diretor de obras no VLT Carioca e na CCR e, antes de assumir o metrô da capital mineira, foi presidente da ViaRondon (concessionária de rodovia). A equipe do Metrô BH conta ainda com Cláudio Andrade, diretor de Implementação de Sistemas e Operação. Andrade foi diretor presidente do VLT Carioca e diretor de implantação do Metrô Bahia, ambos sistemas operados pela CCR. Outro que já atuou no metrô baiano e agora está em Belo Horizonte é José Carlos Kako, que assumiu a gerência de manutenção.

Obras de expansão

Pelo contrato, o Grupo Comporte deverá ampliar a linha 1 em aproximadamente 2,45 km e construir a estação Novo Eldorado. Além disso, precisa implementar uma linha do zero, com cerca de 10,5 km e sete estações, entre Nova Suíça e Barreiro.

O grupo deverá receber R$ 3,2 bilhões de recursos públicos – R$ 2,8 bilhões da União e R$ 440 milhões do estado, provenientes de um acordo firmado com a Vale em reparação aos danos pelo rompimento da barragem em Brumadinho.

A nova concessionária herdou as equipes de operação, administrativa e de manutenção da antiga CBTU-BH. O contrato estipula que os funcionários têm direito a um ano de estabilidade. Não houve, portanto, período de transferência de conhecimento, antes de a empresa assumir a operação. Os funcionários dormiram CBTU e acordaram Metrô BH, após o contrato ter sido assinado no final de março. Diferentemente do que aconteceu em SP, com as concessões do grupo CCR nas linhas do metrô e trens metropolitanos.

Apetite no setor

Essa será a segunda experiência da Comporte no setor metroferroviário. A empresa já opera o VLT da Baixada Santista, através da BR Mobilidade, em sociedade com a Viação Piracicabana. O Grupo Comporte tem como sócia principal a família Constantino, fundadora da companhia aérea Gol e uma das maiores empresas de ônibus do país. Em abril de 2021, foi a segunda colocada no leilão das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, dos trens metropolitanos de São Paulo.

Nessa licitação, a Comporte participou do consórcio Mobitrens, junto com a CAF e Líder Consben. As linhas acabaram sendo arrematadas pela CCR.

A empresa também estaria interessada no Trem Intercidades São Paulo-Campinas, cujo edital foi publicado em março pelo governo de SP, e na aquisição da SuperVia, após a Mitsui formalizar ao governo do estado do Rio, no fim de abril, pedido de devolução da concessão da companhia fluminense. O interesse do Grupo Comporte no Rio estaria no potencial de integração do sistema de trens com linhas de ônibus.

Em 2020, o Grupo Comporte foi o único a apresentar estudo para o VLT de Brasília, a pedido do governo do Distrito Federal, por meio de um Procedimento de Manifestação de Interesse. O projeto não teve avanços. Pelos corredores, comenta-se que o Metrô BH já iniciou conversas com fabricantes de trens, entre elas Alstom e a chinesa CRRC, e para sistemas de sinalização e energia, com a Siemens. A empresa deverá comprar 24 novos trens de quatro carros cada para o metrô mineiro. O prazo de entrega das composições é de cinco anos contados a partir da assinatura do contrato.

02/05/2023 – Revista Ferroviária Edição Março/Abril – 2023