A média de casos de vandalismo nos trens do Metrô de São Paulo e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) voltou a crescer com o fim das medidas restritivas para conter o avanço do novo coronavírus.

No intervalo dos últimos sete anos, a CPTM registrou 18.712 ocorrências, contra 4.975 computadas no Metrô. Na prática, significa dizer que há um registro de depredação nos trilhos das empresas a cada três e 12 horas, respectivamente.

As informações, obtidas com exclusividade pelo R7, com base na Lei de Acesso à Informação, mostram uma média de oito ocorrências diárias nos modais da CPTM (241 casos mensais) e duas nos trilhos das linhas do Metrô (59 registros por mês).

A diretora-executiva da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), Roberta Marchesi, afirma que o fato de as linhas da CPTM circularem fora de túneis ajuda a explicar a maior incidência de depredações.

“Os sistemas abertos ficam muito mais suscetíveis aos casos de vandalismo porque as pessoas jogam coisas na via, tacam pedra nos coletivos, invadem as linhas e fazem pichações”, avalia Roberta.

Em ambas as companhias administradas pelo Governo do Estado de São Paulo, o número de ocorrências de depredação teve uma baixa significativa no ano de 2020, o primeiro com as medidas restritivas para conter a pandemia.

A queda mais significativa do número de casos, de 51,1% (de 2.918 para 1.427 registros), na passagem de 2019 para 2020, ocorreu na CPTM. No mesmo intervalo de tempo, os atos de vandalismo caíram 37% (de 790 para 498 ocorrências) nos trens do Metrô.

Após a queda brusca, os atos no Metrô cresceram 19,9% em 2021 (592 casos), enquanto o volume de vandalismos nos trens da CPTM apresentou uma nova queda, com 1.241 registros nos 12 meses daquele ano.

Prejuízo aos cofres públicos

Em termos monetários, os atos de vandalismo resultaram em um prejuízo na casa dos R$ 23,5 milhões aos cofres públicos, dos quais R$ 22,6 milhões foram destinados aos reparos na CPTM e os demais R$ 925 mil no Metrô.

Para Roberta, os desembolsos do governo para sanar as depredações poderiam ser investidos na melhoria do transporte de passageiros. “O governo não tem recursos ilimitados. A partir do momento em que precisa de uma verba para reparar danos, ele vai tirar esse dinheiro de outro lugar”, lamenta.

“Se esses R$ 23,5 milhões fossem investidos na modernização do sistema, poderíamos ter expansão mais rápida das linhas, maior nível de atendimento para a população e aumento da tecnologia implantada na operação para disponibilizar trens e estações mais confortáveis. Isso tudo é feito, mas poderia ser potencializado sem o uso das verbas para reparar danos”, explica ela.

A diretora-executiva da ANPTrilhos cobra ainda um entendimento de que os atos de vandalismo contra o patrimônio público prejudicam o próprio usuário. “Quando a gente torna a sociedade parceira do sistema, começa a ter uma contenção dos atos e a prestar um serviço muito melhor aos cidadãos”, diz ela.

Ações de combate

Questionado pelo R7 sobre as medidas tomadas para combater os atos de vandalismo, o Metrô afirma que investe na ampliação e modernização de sua rede de monitoramento e equipes de segurança presentes em todas as estações e no auxílio dos passageiros para conter as depredações.

“O Metrô atualmente gasta 37% a menos em relação à média de gastos dos últimos seis anos na correção e reposição de equipamentos danificados por vandalismo, como ocorre em situações de acionamento de botão [do tipo] soco dentro dos trens, quebra de lâmpadas e vidros de janelas e portas, peças como lixeiras e comunicação visual”, diz a empresa, em nota.

A CPTM também destaca a colaboração dos usuários para limitar os casos e o investimento em ações de segurança contra atos de vandalismo. “As medidas adotadas pela CPTM vêm trazendo resultados positivos ao longo dos últimos dez anos. Se comparados os quatro primeiros meses de 2012 com os de 2022, a redução do número de ocorrências de vandalismo é de 49%”, diz a empresa.

“Foi reforçado o patrulhamento ostensivo e preventivo no interior das composições, [foram] organizadas rondas 24 horas por dia em todo o sistema, além de [a companhia] contar com intensa colaboração da Polícia Militar e Civil, buscando também parcerias com as prefeituras dos 18 municípios atendidos pela companhia para eliminação de pontos vulneráveis em trechos próximos às vias”, completa a CPTM, em nota.

25/06/2022 – R7