A CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos anunciou um programa de restruturação na gestão que, segundo a cúpula da estatal, vai impactar no aumento da qualidade dos serviços.
A apresentação foi feita no último sábado, 06 de abril de 2019, a portais especializados em mobilidade urbana, entre os quais, o Diário do Transporte.
O presidente da CPTM, Pedro Moro, disse que o programa já está sendo implantado e é de baixo custo, já que consiste no que classificou de “nova cultura” de gestão e melhor aproveitamento de recursos já existentes.
“Além de melhor aproveitamos os recursos que nós temos, distribuindo melhor a força de trabalho, a frota e equipamentos, um dos nossos focos é atrair mais recursos e as receitas extra-tarifárias . A colocação de uma diretoria para trazer receita não tarifária é um marco importante” – disse Pedro Moro que citou a ação publicitária na estação Autódromo no evento de música Lollapalooza neste final de semana passado.
Para cuidar de entradas de recursos que sejam além do pagamento das tarifas pelos passageiros, a CPTM criou a Diretoria de Planejamento e Negócios, sendo ocupada por Eduardo Jorge da Cunha Caldas Pereira, que já trabalhou em consultoria e bancos privados.
Pedro Moro diz que dentro deste novo conceito de gestão, a empresa vai adotar algumas ações para evitar problemas futuros.
Entre os programas está mapear todas as chamadas obras de arte, que são pontes, viadutos e passarelas sob responsabilidade a CPTM para verificar se são necessárias reformas emergenciais.
O objetivo é evitar ocorrências como o viaduto da marginal Pinheiros, no Jaguaré, que cedeu em novembro do ano passado, causando grandes transtornos ao tráfego de carros, caminhões, ônibus e até mesmo dos trens da linha 9-Esmeralda, que passa sob a estrutura.
Uma das dificuldades da administração pública na ocasião é que o projeto original da obra, dos anos 1970, demoraram para ser encontrados.
Está também nos planos da CPTM, de acordo com a apresentação, que todas as estações sejam acessíveis até 2022. Para isso, devem ser investidos mais de R$ 330 milhões, com já havia anunciado o Diário do Transporte.
A CPTM quer também ampliar as vagas e modernizar os pátios e estacionamentos de trens.
Devem ser utilizados para este fim, R$ 490 milhões e a meta de conclusão total é em dezembro de 2022. Entre as prioridades estão o estacionamento Manuel Feio, estacionamento Mauá, estacionamento Arthur Alvim e, posteriormente, o estacionamento Santa Terezinha e estacionamento Jundiaí. Devem ser criadas mais 58 vagas para trens, ao custo de aproximadamente, R$ 150 milhões.
Outra ação dentro deste plano de nova gestão da CPTM é capacitar funcionários da estatal para fiscalizar os contratos de prestadores de serviços e fornecedores de trens e materiais.
O objetivo é verificar se as empresas estão de fato cumprindo o que prometeram quando foram contratas e encontrar formas de agilizar entregas de serviços e materiais.
Pedro Moro também disse na apresentação que o foco será na manutenção preventiva, tanto de trens como das vias, trilhos.
A apresentação cita uma “nova estratégia para atuação em trincas”, uma das avarias mais comuns em trilhos de sistemas urbanos e metropolitanos.
A assinatura, no primeiro trimestre, dos contratos com as empresas terceirizadas para os serviços de manutenção de via, cuja licitação se arrastou por mais de um ano, deve ajudar o cumprimento desta meta.
A melhoria de imagem junto ao passageiro é outro foco da atual direção da CPTM, disse o presidente da estatal Pedro Moro.
Devem ser criadas novas ferramentas de comunicação com o usuário.
Além disso, Pedro Moro disse que foi elaborado um programa pelo qual, diretores da empresa vão visitar, em períodos de 15 dias, três estações: de pequena, média e grande demanda. Por meio de um aplicativo interno, estes gestores vão relatar as impressões sobre os serviços e as condições das estações.
“Chamamos este programa de gestão na estação. Essas idas de executivos, gestores, diretores e chefes de departamento no dia a dia das estações é a primeira fase. Também ouviremos passageiros em outra fase” – comentou Pedro Moro , que ainda acrescentou que a direção da empresa tem realizado encontros com funcionários para ouvir as demandas para melhorar o trabalho e tem procurado criar ações de reconhecimento para aqueles que realizam boas práticas de atendimento as passageiros.
Os diretores da CPTM que foram escalados para implantação do que Moro chama de “nova cultura” na empresa são: Luiz Eduardo Argenton (Diretor de Operação e Manutenção), Marcelo José Brandão Machado (Diretor de Engenharia, Obras e Meio Ambiente), Rodrigo Sérgio Dias (Diretor Administrativo e Financeiro), Eduardo Jorge da Cunha Caldas Pereira (Diretor de Planejamento e Negócios) .
“Entendemos que a realidade das cidades mudou. Não podemos mais buscar oferecer só um bom transporte, mas acima de tudo, bons serviços, integrados a formas de transporte mais tradicionais e de maior demanda, como o metrô e o ônibus, e as novas plataformas e ofertas, como as bicicletas e patinetes e entender que não há mais os horários de pico como antes. Claro, no início do dia e final da tarde, o movimento é maior ainda, mas algumas faixas do entre-pico cresceram muito. O mercado de trabalho mudou e não somente isso, temos de nos integrar com uma nova cadeia de serviços e destinos de interesse que não são apenas trabalho, como centros de compras, igrejas, restaurantes e hospitais que ficam ao longo de nossas linhas. A modernização da bilhetagem, dando ao passageiro vários opções de como ele quer pagar a tarifa também está nessa nova realidade” – concluiu.
A rede da CPTM hoje possui 273 quilômetros de extensão, sete linhas e transporta quase R$ 3 milhões de passageiros ao dia.
09/04/2019 – Diário do Transporte