Empresa de transportes da família Constantino conquistou nesta semana sua quarta concessão de mobilidade urbana sobre trilhos e sinalizou que não deverá parar por aí
29/03/2025 – Valor Econômico
A Comporte, empresa de transportes da família Constantino, conquistou nesta semana sua quarta concessão de mobilidade urbana sobre trilhos e sinalizou que não deverá parar por aí. Agora com dois contratos com o governo de São Paulo — o lote do Trem Intercidades Campinas, que inclui a linha 7, e o recém arrematado lote das linhas 11, 12 e 13 —, o grupo já estuda o próximo leilão do Estado, das linhas 10 e 14 da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
Após a vitória no leilão, na sexta-feira (28), o diretor da Comporte José Efraim Neves destacou que as sinergias entre as linhas operadas geram mais interesse nos leilões. “[As linhas 11, 12 e 13] Têm muita sinergia com a linha 7 e com esse projeto [linhas 11, 12 e 13]. O trem é um sistema. A pessoa às vezes não é atendida onde mora, mas onde trabalha. Há integração, as linhas se conversam”, disse ele, ao Valor, após a vitória.
Na licitação de sexta, a Comporte entrou sozinha, enquanto no projeto do TIC Campinas a proposta foi feita em sociedade com a chinesa CRRC. Porém, representantes da empresa asiática estavam na B3 e comemoraram junto com a sócia a vitória. Uma fonte diz que há conversas entre os dois grupos para formar uma plataforma conjunta para atuar no setor.
No leilão das linhas 10 e 14, a CRRC deverá ter forte interesse, dado que o projeto envolve a entrega de novos trens. Como o foco da chinesa é justamente a fabricação de material rodante, a previsão é que o consórcio faça uma proposta competitiva.
A atuação da Comporte no setor de trilhos começou com o VLT da Baixada Santista. A principal atuação do grupo é no segmento de ônibus. Em dezembro de 2022, o grupo venceu o leilão para operar o Metrô de Belo Horizonte. Depois disso, conquistou os dois contratos em São Paulo.
No mercado, há certa desconfiança em relação à rápida expansão da Comporte no setor de mobilidade sobre trilhos, que não é a especialidade do grupo e envolve obras complexas com investimentos volumosos. Porém, fontes que acompanham as operações adquiridas nos últimos anos dizem que a empresa tem assumido uma postura séria. Uma delas afirma que a companhia contratou muitos funcionários da CCR e que os parceiros chineses ajudam na operação.
Ainda assim, se por um lado o grupo já se firmou como um ator importante nos leilões, a empresa ainda terá que consolidar sua reputação como realizadora de obras e operadora de trilhos.