Representantes da CNT (Confederação Nacional do Transporte) e da empresa TMT (Times New Material Technologies Co.), subsidiária da CRRC – empresa chinesa que é a maior fabricante mundial de aplicações e veículos ferroviários – reuniram-se nesta segunda-feira (31), na sede da CNT, em Brasília. No encontro, os executivos debateram oportunidades de investimento no transporte de cargas e de passageiros sobre trilhos e perspectivas para a economia do Brasil, com destaque para a retomada da confiança e de medidas que visam à criação de um cenário mais estável e atrativo para investidores estrangeiros.
Dados apresentados pela Confederação Nacional do Transporte apontam a carência de infraestrutura ferroviária no país, que dificulta e encarece o transporte. Segundo o Plano CNT de Transporte e Logística, os projetos essenciais no setor demandariam US$ 281,7 bilhões. Atualmente, o Brasil tem 29,1 mil quilômetros de ferrovias concedidas para o transporte de cargas, o que equivale a 3,6 quilômetros para cada 1.000 km² de área. A proporção é pequena se comparada com outros países, como Estados Unidos (32 quilômetros por 1.000 km² de área), China (20,5 quilômetros por 1.000 km² de área) e Argentina (13,5 quilômetros por 1.000 km² de área). A melhoria das condições é considerada essencial para o escoamento, por exemplo, de minério de ferro, soja e milho – os mais transportados por trens no Brasil e importantes para as relações comerciais com a China.
Já no transporte de passageiros sobre trilhos, destacou-se que os 20 sistemas existentes em 11 estados atendem a 3,2 bilhões de passageiros por ano. O segmento registrou, nos últimos anos, crescimento médio anual de 9%. Porém, os resultados positivos entre 2014 e 2015 foram bem menos expressivos (da ordem de 1,7%). Segundo a ANPTrilhos (Associação Nacional do Transporte de Passageiros sobre Trilhos), isso decorre da ainda limitada malha metroferroviária (que tem aproximadamente 1.000 quilômetros de extensão em todo o país). Mas a expansão das redes é dada como certa: para 2016, mais 50 quilômetros devem ser inaugurados e, nos próximos cinco anos, 18 projetos já contratados representarão mais 271 quilômetros de vias em áreas urbanas.
Os números, conforme a CNT e a ANPTrilhos, demonstram o potencial do mercado brasileiro para esse tipo de investimento, que já tem projetos identificados e com demanda represada, hoje atendida por outros modais, mais caros e menos eficientes, em particular para o transporte de longa distância.
Conforme o gerente de Desenvolvimento de Negócios para a América Latina da TMT, Edival Lourenço Jr, o objetivo da companhia é diversificar e ampliar investimentos no Brasil. A empresa produz componentes para sistemas de transporte ferroviário, relacionados especialmente a controle de vibração, redução de ruído, isolamento, materiais leves e tecnologias anti-sísmicas. Além disso, ele destacou o plano de se transferir tecnologias para o mercado brasileiro. O Centro de Desenvolvimento e Pesquisa da empresa, localizado na cidade de Zhuzhou, na China, conta com o trabalho de 800 pesquisadores, e soma 442 patentes registradas, sendo que 155 foram de invenção.
O presidente da TMT, Yang Jun, destacou a percepção de que a crise está encerrando-se e que a CNT comprovou a notícia, ao apresentar dados com expectativas mais positivas para a economia brasileira. Segundo ele, no Brasil, muitas indústrias trabalham com empresas chinesas e o objetivo da companhia é ampliar essas parcerias.
Participaram da reunião: o diretor executivo da CNT, Bruno Batista; o diretor de Relações Institucionais da CNT, Rafael de Viveiros; a coordenadora de Economia da CNT, Priscila Santiago; e a superintendente da ANPTrilhos, Roberta Marchesi. Pela TMT, além do presidente da empresa, Yang Jun, e do gerente de Desenvolvimento de Negócios para a América Latina, Edival Lourenço Jr., estiveram presentes: o vice-presidente da TMT e CEO da Boge, Bremer Torsten; o gerente geral da Divisão de Negócios em Ferrovias, Tang XianHe; e a vice-gerente geral da Divisão de Negócios em Ferrovias, Peng HaiXia.
CNT na China
A atuação internacional da Confederação Nacional do Transporte visa promover o intercâmbio de experiências do setor de transporte e logística com outros países, além de atrair investidores estrangeiros para desenvolver a infraestrutura do Brasil. Um dos principais braços da entidade para alcançar esse objetivo é o Escritório da CNT na China, inaugurado em 2013. Sediada em Pequim, a representação fomenta a aproximação entre empresários dos dois países e a cooperação em prol do setor.
Foto: Vitor Sá