A China confirmou a disposição de manter seus planos de investimentos no Brasil e na América Latina, segundo balanço feito pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, após dois dias de encontros com autoridades chinesas em Pequim. “A disposição da China continua a mesma. O que trabalhamos agora é como viabilizar para que os fundos sejam direcionados para os projetos”, disse o ministro.
Em setores que acompanham as discussões com os chineses, em Brasília, surgiu recentemente um alerta sobre se Pequim manteria seus planos. Segundo essas fontes, os chineses dizem que o Brasil é preferível a vários outros emergentes, mas Brasília acha que isso tem que se traduzir em compromissos efetivos e mais rápidos.
Em Pequim, Barbosa discutiu mais projetos de investimentos específicos em infraestrutura e maior colaboração no setor de energia do que sobre os fundos pelos quais Pequim anunciou planos de investir no Brasil. Em encontro no Banco de Desenvolvimento da China (BDC), o chairman Hu Huaibang informou já ter desembolsado US$ 24 bilhões em empréstimos para o Brasil e mostrou disposição de ampliar o montante, de acordo com as oportunidades.
O BDC tem tradição de cooperação em petróleo e gás e se diz disposto a participar do setor ferroviário, apoiando empresas chinesas. Duas delas – a China Railway Construction e a China Railway Engineering – confirmaram interesse em participar de concessões no setor de ferrovias. A novidade é que gostariam de entrar na área de transporte de passageiros.
Barbosa informou que esse interesse será avaliado, julgando que pode ser uma oportunidade de atrair investimento no curto prazo. Lembrou que o governo tem pelo menos dois estudos na área de transporte de passageiros: os trechos Rio-São Paulo-Campinas e Brasília-Anápolis-Goiânia.
O chairman do China Investment Corporation (CIC), Ding Xuedong, responsável pela gestão de parte das enormes reservas internacionais chinesas, também manifestou interesse em investir em projetos de infraestrutura. O CIC é um fundo soberano com ativos de US$ 746 bilhões, que busca projetos de longo prazo com possibilidade de rendimento maior.
Recentemente, ao ser perguntado sobre países emergentes que interessavam, o executivo do CIC citou India, México, Indonésia e Nigéria. O CIC tem interesse sobretudo em investir nos EUA, segundo a direção da companhia. Barbosa disse ter relatado a representantes chineses as iniciativas tomadas para facilitar o investimento e a participação de investidor externo.
Na reunião do G-20 que acontece amanhã e sábado em Xangai, Brasil e China devem adotar posições convergentes em relação às medidas para recuperar a economia mundial. Pontos de interesse comum entre os dois governos foram debatidos durante encontro entre Barbosa e o ministro chinês de Finanças, Lou Jiwei.
O ministro da Fazenda explicou a Jiwei os projetos de reformas que estão em andamento, como a renovação de concessões em petróleo e gás e o novo decreto para a política de conteúdo local, além do plano para atualizar e reformar a regulação na área de telecomunicações. No lado fiscal, mencionou a preparação de proposta de reforma da Previdência e a reforma fiscal, que espera finalizar com os Estados até o fim de março.
25/02/2016 – Valor Econômico