Empresários chineses participam da NT Expo em busca de aumentar o volume de negócios com parceiros brasileiros.
Presença massiva entre os expositores, as empresas chinesas reproduziram na NT Expo o que pode ser constatado no mercado brasileiro como um todo: é cada vez mais intensa e concreta a presença de investimento chinês na infraestrutura brasileira. Com mais de 15 empresas entre os expositores, a China é o país com maior representatividade na edição 2017 da NT Expo.
“O Brasil é um mercado grande e muito interessante para nós. Participamos em projetos nos sistemas metroviários em São Paulo e no Rio de Janeiro e queremos mais”, disse o diretor de vendas da Kangni, Jie Yang. A empresa detém quase metade do mercado chinês como fornecedor de sistemas de controle de portas para vagões, acessórios e soluções de acabamento interno, mecanismos para controle de plataformas, entre outras soluções para o setor de transporte sobre trilhos.
Outro executivo chinês presente na feira, Liu Ming, diretor presidente para a América Latina da gigante CRRC Corporation Limited, afirma que o mercado brasileiro merece atenção especial. “Temos uma base aqui em São Paulo porque entendemos que este é um mercado que precisa ser conhecido em profundidade. Agora, já compreendemos como é a cultura de negócios aqui”.
O executivo confirma com entusiasmo que o mercado local apresenta agora uma forte demanda por serviços e equipamentos para manutenção e reparos. “É uma grande oportunidade de negócios. Para nós, é sempre interessante e obviamente rentável concretizar negócios de manutenção, pois são contratos de médio e longo prazos”, avaliou Ming, que acrescenta: “a NT Expo é uma oportunidade importante de estreitar o relacionamento com os potenciais parceiros de negócios”.
Outra empresa chinesa que investe na NT Expo para ampliar a participação comercial no país é o KTK Group, uma das principais companhias chinesas do segmento de equipamentos e sistemas para controle de portas e soluções de interiores. “Estamos ansiosos por ter uma participação mais expressiva no mercado brasileiro, mas o ritmo aqui é muito diferente do que experimentamos na China. Lá, os negócios são fechados e concretizados rapidamente, sem tanta burocracia. O governo chinês é mais ágil. Neste aspecto é um pouco frustrante, mas isso não nos desencoraja”, reclama o diretor de vendas da empresa, Hongbin Wang.
Além de manutenção e reparos, empresas chinesas de tecnologia e sistemas estão presentes na NT Expo 2017. “Participamos pela primeira vez da feira porque queremos aumentar o volume de negócios com o Brasil”, explica a gerente comercial da New United Trail Transit Technology, Yan Lihua. A empresa trouxe para a feira a tecnologia dos seus sistemas de propulsão e dirigibilidade, de ar condicionado para vagões, entre outras soluções para o modal metroferroviário. “Temos muito interesse em projetos de parceira público-privada no setor e esta feira nos ajuda a estar mais próximos de possíveis parceiros comerciais. Recebemos várias propostas de empresas interessadas em nos representar aqui no Brasil”, revela.
Questionado sobre os impactos da presença chinesa no mercado brasileiro, o diretor executivo da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros Sobre Trilhos), João Gouveia, comentou durante o segundo dia da NT Expo que o interesse dos asiáticos no mercado metroferroviário brasileiro é algo que pode proporcionar muitos benefícios ao país. “As empresas asiáticas têm uma oportunidade ímpar de crescimento no mercado nacional, já que muitas cidades importantes do país não possuem infraestrutura suficiente para atender toda a demanda existente, tanto de passageiros quanto de cargas, locais em que podem investir com mais afinco. No entanto, os verdadeiros resultados desta aposta dos asiáticos no Brasil devem começar a surgir em até cinco anos”, complementa.
Crescimento do setor tem três vertentes de ação
“Todo o potencial das ferrovias brasileiras depende de três questões: a prorrogação das concessões, medida que traria resultados a curto prazo, porque injetaria investimentos da iniciativa privada de R$ 25 bilhões até 2023; a expansão da malha e a segurança jurídica, com melhores práticas regulatórias”, explica o gerente Técnico da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Ticiano Bragatto, após palestrar para os presentes na Estação do Conhecimento, espaço exclusivo para as palestras que acontecem durante a NT Expo.
Segundo ele, para 2018, o governo federal deve licitar, já no segundo semestre, o trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) entre Ilhéus (BA) e Caetité (BA). Também pendente de licitação, mas sem previsão ainda, está a Ferrogrão, entre Mato Grosso e Pará, com investimento estimado em R$ 12 bilhões.
Presente à palestra de Bragatto, o diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportes Ferroviários (ANTF), Fernando Paes, confirmou que 2018 deve ser uma ano mais auspicioso para o setor. “Fiquei feliz de constatar que a NT Expo cresceu em relação ao ano passado, é um bom sinal. A tendência é que 2018 seja um ano muito focado em ferrovias, com a prorrogação das concessões e as novas licitações, em especial, a Fiol que está com o projeto avançado. Acredito que, já na próxima edição da NT Expo, encontraremos um cenário concretamente diferente, com investimentos na malha e novos atores figurando no setor ferroviário”.
Inovações em equipamentos se destacam no segundo dia de feira
Com foco em manutenção desde sua criação, há 90 anos, a Geismar do Brasil, uma das expositoras da NT Expo 2017, investe na fabricação de equipamentos completos e modernos, capazes de atender todo o mercado metroferroviário do país. De acordo com o supervisor comercial da companhia, Ramon Menechini, a Geismar possui um portfólio repleto de soluções, desde equipamentos clássicos aos mais avançados, para garantir tanto a manutenção de vias aéreas quanto a de vias permanentes.
“Uma de nossas novidades neste ano é um sistema de medição à laser para o alinhamento e o nivelamento de linhas férreas. Além dele, trouxemos para o evento também um socador autônomo, ferramenta dedicada para socar lastro, cortar ou quebrar concreto. Sua leveza se diferencia dos equipamentos semelhantes existentes no mercado, já que apenas um profissional pode operá-lo”, afirma.
A Greenbrier Maxion, por sua vez, aposta na reforma de vagões para continuar crescendo no setor. Para isso, a empresa está consolidando uma nova marca no mercado. Segundo a supervisora de marketing da companhia, Nayane Sales, a fusão da Greenbrier com a AmstedMaxion trouxe o know how na fabricação de vagões e também a expertise da norte-americana, que é líder mundial, na reforma de composições. “Nos últimos dois anos, atuamos bastante com a reforma de vagões praticamente sucateados, os adaptando para receber outros tipos de cargas, realizando a troca de componentes desgastados e de todo o conjunto de peças. Recentemente, por exemplo, reformamos alguns vagões da Rumo Logística com uma nova pintura contra pichações e efetuamos a troca de chapas que estavam corroídas”, pontua.
Outro destaque da companhia na NT Expo são os vagões hoppers para o transporte de grãos, fertilizantes, açúcar e farelo, com tecnologia de carga e descarga automatizada, que possibilita o acionamento das tampas de carga por meio de um sistema pneumático. “Essa linha de vagões ainda está em fase de testes. O sistema automatizado torna o processo mais rápido e seguro tanto para o operador quanto para a carga”, explica Sales.
Cibersegurança é aplicada em sistemas metroferroviários
Tema recorrente na mídia, a sofisticação dos ataques de hackers a sistemas públicos já é uma realidade enfrentada pelo setor metroferroviário. Os ciberataques podem não só paralisar os serviços, mas também provocar acidentes. E o sistema metroferroviário não está imune a este perigo. Na Polônia, por exemplo, um jovem invadiu um sistema de VLT por meio de um controle remoto de TV e provocou o descarrilamento de quatro veículos, ferindo 12 pessoas.
Diante deste cenário, a Thales implementou medidas de cibersegurança específicas para seus sistemas de sinalização, o CBTC e ETCS N2, que são aplicados em metrôs e trens. Já disponíveis no mercado, os novos sistemas de sinalização da Thales já foram adquiridos por operadoras de metrôs e trens de Dubai, Cingapura e Hong Kong. “Acredito que esta é a primeira vez que o assunto é abordado no Brasil. Nossa expectativa é que as operadoras e concessionárias brasileiras de metrôs expressivos como o de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte percebam a importância do assunto, uma vez que os ataques de hackers são ameaças atuais”, finaliza o diretor de Desenvolvimento de Negócios em Transportes da companhia, Thomaz Aquino.
A feira continua até quinta-feira (09), com intensa programação de palestras.
Sobre a NT Expo – 20ª Negócios nos Trilhos 2017 – Principal encontro de negócios do setor de transporte metroferroviário da América Latina, a NT Expo reúne os mais renomados fornecedores, formadores de opinião e players dos segmentos de carga e passageiro, nacionais e internacionais. O evento consolidou-se como plataforma de geração de negócios, networking e melhores práticas. Em 2016, a NT Expo reuniu cerca de 100 marcas e atraiu por volta de 5.000 profissionais do setor. Em 2017, o evento acontece de 07 a 09 de novembro, das 13 às 20 horas, no Expo Center Norte, em São Paulo (SP).
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