Com o caixa robusto e espaço para se alavancar, a CCR vai continuar investindo em novos negócios neste ano. Tanto no mercado primário, de novas licitações, quanto no secundário, com a aquisição de ativos já existentes.
No quarto trimestre de 2017, a alavancagem da empresa, medida pela relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), avançou 0,1 ponto, para 2,3 vezes, sobre setembro de 2017. Na base anual, recuou 0,2 ponto, posição considerada confortável para fazer novos investimentos. A CCR fixou como teto de endividamento uma alavancagem de 3,5 vezes, o que lhe dá um saldo de aproximadamente R$ 8 bilhões para investir.
Em entrevista ao Valor para comentar dados do quarto trimestre, Flávia Godoy, coordenadora de relações com investidores da CCR, destacou projetos no mercado primário de rodovias, mobilidade urbana, e oportunidades em outros países da América Latina.
No Brasil, citou os leilões da Rodovia de Integração do Sul – (BR-101/290/386/448/RS), da Rodovia MG/GO – Uberlândia a Jataí, e da Rodovia BR-101 até o município de Palhoça (SC). Além da Linha 15 do Metrô, que o governo de São Paulo sinalizou que quer licitar em breve, e das linhas 8 e 9 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), também previstas para serem licitadas neste ano.
“No mercado primário dependemos dos avanços do governo nos editais. No secundário, das negociações, por isso pode andar mais rapidamente”, disse Flávia.
Segundo ela, as possibilidades de crescimento que a companhia tem hoje são as mesmas de quando fez a oferta de ações, no início de 2017, na qual levantou R$ 4 bilhões. Isso vale mesmo no caso de ativos existentes que a CCR olhou mas não levou, como Invepar, empresa que fechou contrato de exclusividade de análise com o fundo Mubadala, e de rodovias da Odebrecht Transport, cuja exclusividade está com a Arteris. “Exclusividade é para analisar melhor os ativos, não significa que o negócio esteja fechado”, afirmou.
A empresa, a maior brasileira de concessões de infraestrutura, ampliou o lucro líquido em 94,2% no quarto trimestre, para R$ 329,1 milhões, ante mesmo período de 2016. O resultado foi afetado por efeitos não recorrentes, como a adesão ao Programa Especial de Regularização Tributária (Pert). Considerando a mesma base, ou seja, sem a inclusão de novos negócios e efeitos não recorrentes, o lucro líquido foi de R$ 425 milhões, alta de 162,7%.
A receita líquida avançou 19,5% sobre a mesma base de 2016 e chegou a R$ 2,02 bilhões. O Ebitda ajustado cresceu 25,5%, para R$ 1,2 bilhão. O aumento na receita reflete melhoras operacionais que espelham o momento de recuperação da atividade econômica. Houve crescimento de 4,4% no último trimestre, para 250 milhões de veículos equivalentes. Se consideradas as participações em rodovias em que a CCR não tem o controle (Renovias e ViaRio), a alta seria de 5%, para 259 milhões de veículos equivalentes.
Também na área aeroportuária os dados melhoraram. Na concessionária BH Airport, que controla o aeroporto de Confins (MG) e da qual a CCR é sócia, o total de passageiros embarcados cresceu 12%, para 1,3 milhão de pessoas.
Aliado a isso, o controle de custos permitiu à empresa ser mais eficiente e expandir a margem. O principal efeito além do dado operacional foi a redução da taxa de juros. A empresa saiu de um resultado financeiro líquido negativo no quarto trimestre de 2016 de R$ 410 milhões para R$ 364 milhões, ainda negativo. A queda seria ainda maior se não fosse o efeito do Pert, avalia Flávia.
A CCR propôs a distribuição de dividendos complementares no montante de aproximadamente R$ 0,20 por ação, a serem aprovados na assembleia geral ordinária.