Bonde elétrico do século 19 voltará a circular pelo Centro de Manaus até 2017, diz secretário

O bonde elétrico, utilizado como transporte público em Manaus, no século 19, pode voltar a funcionar no Centro até a metade do ano que vem. Essa é a previsão do titular da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), Robério Braga. De acordo com ele, a pasta está esperando a prefeitura acabar as obras do piso e da calçada da avenida Eduardo Ribeiro para iniciar a implantação do sistema.

Robério disse ao ACRÍTICA que toda a licitação do projeto, que vai revitalizar o bonde e sua antiga linha, já foi feita, assim como, o pagamento da obra também. “Ao longo da Eduardo Ribeiro ainda vai ser encontrado trilhos do antigo bonde. Vamos esperar as obras serem concluídas para sabermos a quantidade de trilho que vai dá para ser reaproveitado e onde teremos que fazer os novos”, afirmou.

O secretário se referiu aos trilhos do antigo bonde elétrico encontrado intactos na última semana, no cruzamento da avenida Eduardo Ribeiro com a rua 10 de Julho, no Centro. O achado, apresentado ontem a imprensa, foi feito durante as obras de revitalização da avenida Eduardo Ribeiro, que estão sendo feitas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf).

Robério destacou que em 2004, trilhos originais do sistema de bonde elétrico foram encontrados nas ruas 10 de julho e Costa Azevedo, os quais ficaram evidentes para a população. Agora, o objetivo é fazer o bonde funcionar novamente naquela área central. “A linha vai sair da lanchonete African House, no largo São Sebastião, passa pela Costa Azevedo, 10 de Julho, Eduardo Ribeiro, Praça do Relógio até o Porto. Vamos pegar os turistas no Porto de Manaus (Roadway) para levá-los ao Teatro Amazonas e vice versa”, revelou o secretário.

Ele contou que o sistema de bonde elétrico começou a funcionar em Manaus em 1893, onde havia várias linhas, entre as quais, para os bairros Aparecida, Cachoeirinha e Flores. Além das linhas “Saudade”, “Circular”, que dava volta por toda a cidade, e “Inclinada”, sendo que, uma linha se conectava com a outra. “Havia alguns acidentes, mas a maior reclamação era se o bonde atrasasse um minuto. Era muita reclamação e o povo fazia até manifestação quando eles não passavam na hora certa”, comentou.

A dona de casa Milkah Valois, 55, relatou que cresceu ouvido de sua mãe, a história do seu avô materno Severino Inácio Valois, que trabalhou dirigindo bonde em Manaus. “Minha mãe sempre contava que o meu avô e a minha avó vieram de Recife para Belém e depois para Manaus, onde ele trabalhou dirigindo os bondes que naquela época existiam na capital. Tempos depois ele passou a ser funcionários dos Correios”, disse.

Museu

O cruzamento da avenida Eduardo Ribeiro com a rua 10 de Julho, no Centro, onde foram encontrados os trilhos do antigo bonde elétrico, pode se tornar um museu a céu aberto, chamado de “Bloco Testemunho”. A ideia ainda será definida entre a Prefeitura, a Secretaria de Estado da Cultura (SEC) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-AM).

A informação foi confirmada ontem pelo subsecretário de Obras Públicas da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), Antônio Nelson, durante a apresentação das medidas adotadas para a conservação e exposição do achado arqueológico naquela região. De acordo com ele, o objetivo é permitir que os trilhos fiquem expostos como forma de preservar a história e contá-la de forma viva à população.

12/01/2015 – A Crítica
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